quinta-feira, 30 de maio de 2013

Tendência do investimento na indústria de transformação

SUZIGAN, Wilson. Indústria brasileira: origem e desenvolvimento. Nova edição. São Paulo: Hucitec, Ed Unicamp, 2000. Cap. 02. Item 2.3.1 “Tendência do investimento na indústria de transformação” (pp. 82 – 96)

Investimentos na indústria de transformação até o século XIX foram limitados. O Brasil começa aquele século com essa atividade proibida e é liberada apenas em 1808, porém o desestímulo continua dados acordos comerciais com a Grã-Bretanha. Só em 1844 foi adotada a primeira forma de proteção tarifária à indústria, desfavorecida, no entanto, pelo valor externo na moeda local. Apenas na segunda metade do século com o progresso econômico em aceleração devido aos preços do café e expansão do algodão os investimentos aumentaram, mas a produção era restrita a poucos bens de consumo. Especialmente após 1865 a indústria recebeu mais investimentos. Suzigan analisa momentos distintos de surtos de investimento e recessões.
1. A expansão das exportações de algodão e de café, políticas econômicas expansionistas e aumento do investimento, 1869-1873: aumento do investimento da indústria neste período tem relação com a Guerra do Paraguai devido ao financiamento do conflito a partir de emissão de moeda. Essas políticas aliada ao incentivo vindo do comércio do café e do algodão aumentaram a demanda agregada. A política inflacionária geram depreciação do câmbio e proteções que beneficiaram o produtor focado na demanda interna. Medidas deflacionárias, em 1870, apesar de reduzirem a proteção, propiciaram importações de maquinários a preços menores. As décadas de 1860 e 1870 registraram aumento nas pequenas fábricas de algodão.
2. Políticas deflacionárias, estagnação das exportações e declínio do investimento, 1874-1879: a política deflacionária em curso após a Guerra do Paraguai prejudicou os investimentos por reduzir os estoques de moeda e provocar declínio no nível geral de preços, provocando recessão. O período ruim para a indústria contou ainda com uma crise bancária em 1875, alterações na política comercial com redução nos direitos de importação e mudanças nas taxas de câmbio que se valorizaram tornando a competição entre produtos importados e nacionais desfavoráveis à indústria local.
3. Expansão das exportações, política monetária expansionista e aumento do investimento, 1880-1895: o crescimento da renda impulsionado pela expansão das exportações, a construção de ferrovias e estímulo à imigração aumentou a demanda por produtos industrializados e a oferta de trabalho. Política monetária e sua expansão do estoque de moeda e facilidades no crédito promoveram um pico de investimento. Apesar de aumentos e reduções na proteção dados a oscilações do câmbio e variações nos preços internos e externos, a indústria têxtil de algodão registrou aumento substancial. O número de fábricas aumentou, a produção se diversificou, os investimentos foram modernizados. Além desta, surgiram as indústrias moageira, da cerveja e de fósforos. A indústria metalmecânicas expandiu a produção, a de açúcar também começou a se modernizar e iniciaram os investimentos na indústria de papel e de ferro-gusa.
4. Crise cafeeira, políticas deflacionárias e queda do investimento, 1896-1901: crise noo setor agrícola exportador de café e política de deflação implementada pelo governo prejudicaram a indústria no período. Apenas a indústria têxtil e de moagem  d trigo aumentaram a capacidade de produção.
5. Expansão das exportações, política econômica expansionista e aumento do investimento, 1902-1913: este é o período de criação do Convênio de Taubaté (1906). As políticas de valorização, fiscal e monetária, resultou em crescimento de toda a economia, valorização do câmbio e estabilidade dos preços internos. A consequente valorização da taxa de câmbio real protegeu a indústria interna: essa combinação gerou incentivos para os investimentos na indústria de transformação.
6. O choque adverso da Primeira Guerra Mundial e o declínio do investimento, 1914-1918. Os conflitos internacionais reduziram os investimentos na indústria brasileira, explicados pela queda das importações de máquinas para o país. Apesar disso, setores como o de processamento de carne, açúcar e óleo de caroço de algodão receberam investimentos e suas exportações aumentaram durante a guerra. O papel e outros produtos cujas produções externa foram prejudicas pela guerra também receberam investimentos.
7. O auge da economia agrícola-exportadora e a expansão do investimento, 1919-1929: os níveis de investimento se recuperaram e ficaram elevados em todo o período pós-guerra. Novos programas de valorização do café impulsionados pela recessão internacional no início da década de 1920, aliadas às políticas monetárias com foco nos preços interno beneficiaram o crescimento anual da renda real e da capacidade de importar. A década de 1920 é marcada por uma maior diversificação dos investimentos. Neste período foi instalada a primeira fábrica de cimento e cinco siderúrgicas. Aumentou a produção no setor de metalmecânica com fabricação de máquinas agrícolas pesadas, algumas máquinas e equipamentos industriais mais simples e etc. Aumentou o investimento na fábrica de papel. Novas indústrias começaram a ser instaladas: de borracha, química, perfumaria e farmacêutica.
8. O impacto da crise do café e da Grande Depressão sobre o investimento na indústria de transformação, 1930-1932: os três primeiros anos depois após a crise internacional marcou o crescimento brasileiro com taxas negativas. Apesar de forte redução nos investimentos da indústria, dois setores registraram investimentos no período: o de cimento e o de fios de raiom. Os efeitos da Grande Depressão foram menores que os efeitos da Primeira Guerra Mundial, observa Suzigan.

9.A defesa do café, a política econômica expansionista e o crescimento do investimento, 1933-1939: a explicação para a rápida recuperação brasileira frente á crise internacional passa pelas políticas anticíclicas de 1931 e as mudanças do comércio, com depreciação cambial, aumento dos preços de importação e restrições de importação. Políticas expansionistas mantiveram a renda interna e a protegeram dos efeitos da crise. A depreciação cambial foi importante para reordenar a demanda para os produtos fabricados internamente. Este foi o período que a produção das indústrias que substituíam as importações aumentou substancialmente apesar dos preços de importação desfavoráveis.

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