quinta-feira, 30 de maio de 2013

Linguagem e discurso: modos de organização

CHARAUDEAU, Patrick. Linguagem e discurso: modos de organização. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2012.

O signo entre o sentido de língua e o sentido de discurso
Expectativa múltipla depende do ponto de vista dos atores envolvidos no diálogo
Atos de linguagem têm dupla dimensão:

11)      Explícito: é uma simbolização referencial que são a produção de paráfrases estruturais que permitem que se realize na linguagem um jogo de reconhecimento morfosemântico construtor de sentido que remete à realidade que nos rodeia;

22)      Implícito: composto por paráfrases seriais que permitem  que se efetue um jogo de remissões constantes a alguma coisa além do enunciado explícito, que se encontra antes e depois do ato de proferição da fala, formam a Significação;

O fenômeno linguageiro, à luz das dimensões apontadas, têm duplo movimento:
I)                    Exocêntrico, movido por uma força centrífuga que obriga todo ato de linguagem (e, portanto, todo signo) a se significar em uma intertextualidade que é como um jogo de interpelações realizado entre os signos, no âmbito de uma contextualização que ultrapassa – amplamente – seu contexto explícito (27)
II)                  Endocêntrico, força centrípeda que obriga o ato de linguagem (e, logo, os signos que o compõem) a ter significado, ao mesmo tempo, em um ato de designação da referência (no qual o signo se esgota em função da troca) e em um ato de simbolização; nesse ato o signo se instala dentro de uma rede de relações com outros signos.

Para o sujeito interpretante, interpretar é criar hipóteses sobre: (i) o saber do sujeito enunciador; (ii) sobre seus pontos de vista em relação aos seus enunciados; (iii) e também seus pontos de vista em relação ao seu sujeito destinatário, lembrando que toda interpretação é uma suposição de intenção. (31)

O sujeito interpretante está sempre criando hipóteses sobre o saber do enunciador, como se fosse impensável que um indivíduo produzisse um ato de linguagem que correspondesse exatamente à sua intenção, ou seja, um ato de linguagem que fosse “transparente” (31)

Contrato de comunicação liga enunciador e receptor e os faz partilhar o mesmo ponto de vista. Este contrato é determinado pelas Circunstâncias do discurso (vista como um conjunto de saberes compartilhados)

O ato da linguagem como encenação

- assimetria na comunicação
O TU não é um simples receptor de mensagem, mas sim um sujeito que constrói uma interpretação em função do ponto de vista que tem sobre as circunstâncias de discurso e, portanto, sobre o EU (interpretar é sempre instaurar um processo para apurar as intenções do EU). (44)

·         TU-interpretante (TUi)
·         TU-destinatário (TUd)

O ato de linguagem não deve ser concebido como um ato de comunicação resultante da simples produção de uma mensagem que um Emissor envia a um Receptor. Tal ato deve ser visto como um encontro dialético (encontro esse que fundamenta a atividade metalinguística de elucidação dos sujeitos da linguagem) entre dois processos:

- processo de Produção, criado por um EU e dirigido a um TU-destinatário;
- processo de Interpretação, criado por um TU’-interpretante, que constrói uma imagem EU’ do locutor. (44)

O Tud é o interlocutor fabricado pelo EU como destinatário ideal, adequado ao seu ato de enunciação. O EU tem sobre ele um total domínio, já que o coloca em um lugar onde supõe que sua intenção de fala será totalmente transparente para TUd. 45

TUi age fora do ato de enunciação produzido por EU. Ele é responsável pelo processo de interpretação que escapa ao EU.

TUd+Eu=relação de transparência
TUi+EU=relação de opacidade

Podemos dizer que o TUi tem por tarefa, em seu ato de interpretativo, recuperar a imagem do TUd que o EU apresentou e, ao fazer isso, deve aceitar (identificação) ou recusar (não identificação) o estatuto do TUd fabricado pelo EU. 46

Discurso publicitário fabrica uma imagem de um TUd a quem falta algo;

·         Eu-enunciador (EUe)
·         Eu-comunicante (EUc)

O EUe é uma imagem de enunciador construída pelo sujeito produtor da fala (EUc) e representa seu traço de intencionalidade nesse ato de Produção 48

EUe é apenas uma máscara de discurso usada por EUc. É por isso que EUc, consciente desse estado de fato, pode jogar, com finalidades estratégicas, tanto o jogo da transparência entre EUe e EUc quanto o da ocultação de EUc por EUe. 49

Ø  Eue mascara a intencionalidade do EUc
Ø  É EUe e não EUc que produz o que se pode chamar de efeito de discurso

Para que um ato de linguagem (e não um ato de fala sob sua única forma configurada) seja percebido como performativo, é preciso que o EUe descreva uma ação através de sua fala e que o TUi possa imaginar que o EUc tenha um ‘poder’ efetivo com relação à ação descrita (assim, não se trata mais de uma realidade, mas de uma estratégia). 50

EUc é o que nossa interpretação diz dele e depende do conhecimento que TUi tem dele.

Delegação da fala: quando um orador é reconhecido como um EUc falando em nome de um terceiro

EUe é sempre uma imagem de fala que oculta em maior ou menor grau o EUc (51)

O ato de linguagem faz parte de um “projeto global de comunicação” concebido por EUc. “o EUc deve organizar o que está disponível no conjunto de suas competências, levando em conta a margem de liberdade e de restruções de ordem relacional de que dispõe” 56

“Noção de contrato pressupõe que os indivíduos pertencentes a um mesmo corpo de práticas sociais estejam suscetíveis de chegar a ym acordo sobre as representações linguageiras dessas práticas sociais” 56
Ø  Pressupõe-se que o Tu tenha competência linguageira de reconhecimento análoga à do EU

“Noção da estratégia repousa na hipótese de que o suheito comunicante (EUc) concebe, organiza e encena suas intenções de forma a produzir determinados efeitos – de persuasão ou de sedução – sobre o sujeito interpretante (TUi), para leva-lo a se identificar – de modo consciente ou não – com o sueito destinatário ideal (TUd) construído por EUc” 56

Recursos para essa estratégia:
Ø  Fabricação de uma imagem de real baseada na verdade exterior
Ø  Fabricação de uma imagem de ficção baseado na identificação entre sujeitos

“Comunicar é um ato que surge envolvido em uma dupla aposta.” 57

Identificação desse ato com uma aventura por que está no campo do imprevisível.


Explicações e Observações sobre o blog

Este é um blog criado para ser um banco de resumos, resenhas, fichamentos, comentários, anotações de aula, entre outros produtos de minha vida acadêmica.

Não se limite a usar APENAS os resumos aqui postados para seus estudos, LEIA A OBRA INTEIRA ou os capítulos, trechos, indicações... não seja mais um folgado ou folgada (para não dizer palavrões) que simplesmente decora frases prontas para se dar bem em provas e outros trabalhos (palavras de alguém que odeia esse tipo de pessoa). A esperteza tem limites e você não está só enganando o professor, está sendo um filho da puta com aquele colega de classe que estuda, lê tudo e não cola...

Algumas observações:

1) Quase todas as publicações têm a fonte devidamente citada;

2) Nem todas citações estão entre aspas e nem formatadas nas normas da ABNT portanto:
2.1) Se vir um número perdido no final de uma frase (com ou sem parênteses, com ou sem "p." antes), aquilo é uma citação e o número é sua página;
2.2) Algumas frases não são citações, são comentários ou resumos feitos durante a leitura, mas não asseguro que todos os parágrafos são mesmo comentários ou resumos e não citações... os textos foram feitos em momentos e circunstâncias diversas que contavam ou não com as preocupações metodológicas do texto;

3) Os marcadores procuram mostrar, além do nome do autor (ou dos autores), quais as relações dos textos com minha vida acadêmica. Portanto pode haver:
a) Códigos das disciplinas da Unicamp, dos cursos que faço/fiz (o primeiro post do blog tem os nomes das disciplinas);
b) Assunto geral do post;
c) Nome ou parte do nome da disciplina, que funciona aqui como assunto geral;

4) Os textos que não são fichamentos de citações e contém resumos e comentários podem conter erros de interpretação, uma vez que não foram corrigidos pelos professores das respectivas disciplinas. Além do que eles foram usados e revisados em momentos e circunstâncias diferentes mas, por conta da quantidade de posts, eles não foram mais uma vez revisados antes de serem publicados aqui. Caso haja algum problema, fico feliz em ser informado (alex.contin@gmail.com).

Reforçando: o objetivo deste blog é facilitar a minha vida acadêmica. Eventualmente também pode auxiliar quem pesquisa por livros e conteúdos para estudar ou complementar pesquisas/textos.

Mais uma vez: não use os resumos aqui publicados para se dar bem de uma forma $¨¨%$%#. Se você é uma pessoa que não gosta de matérias humanas, não queira enganar ninguém decorando resumos para tirar boa nota na prova e depois se vangloriar para colegas e receber falsos elogios de professores.

Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial.

MEDINA, Cremilda. Notícia, um produto à venda: jornalismo na sociedade urbana e industrial. 2ª ed. São Paulo: Summus, 1988.

Na angulação encontramos, de imediato, relações muito estreitas dos três níveis gerais de comunicação numa sociedade urbana em industrialização ou pós-industrializada: o nível-massa, o grupal e o pessoal. Quando a mensagem é angulada para de pauta se transformar num processo de captação, a componente grupal se identifica com a caracterização da empresa jornalística onde essa pauta vai ser transmitida. A empresa que, por sua vez,  está ligada a um grupo econômico e político, conduz o comportamento da mensagem da captação do real à sua formulação estilística. (MEDINA: 1988, p. 73)

Aos poucos a dita angulação da empresa entra até pelos poros do repórter como necessidade de ascensão. Naturalmente isso vai influenciar o processo de captação dos dados numa reportagem. (MEDINA: 1988, p. 74)

O nível-massa vai crescendo e se superpondo ao dos grupos políticos e econômicos ligados à empresa, tão logo esta assuma uma caracterização de grande indústria da informação. [...]Esse outro componente de angulação está difuso em todas as mensagens de jornalismo informativo e de jornalismo interpretativo. Nota-se especialmente na formulação dos textos, nos apelos visuais e linguísticos, na seleção das fotos, a preocupação em corresponder a “um gosto médio” ou, em outros termos, em embalar a informação com ingredientes certos de consumo. (MEDINA: 1988, p. 75)


A angulação-massa está, pois, nas aparências externas – formas de diagramação atraente, valorização de certos ângulos e cortes fotográficos, apelos linguísticos como títulos e narração dos fatos. Está também nos conteúdos e no processo de captação desses, extraídos de uma realidade. (MEDINA: 1988, p. 75)

Teorias da Notícia e do Jornalismo

SOUZA, Jorge Pedro. Teorias da Notícia e do Jornalismo. Chapecó: Argos, 2002

TEORIA INSTRUMENTALISTA
O conteúdo das notícias é imposto aos jornalistas pelos dirigentes das empresas de comunicação e condicionado pela estrutura macroeconômica. (SOUZA: 2002, p. 147)


“As principais denúncias dessa corrente referem-se às desregulamentações neoliberais e ao isolamento da sociedade civil, deixando para o mercado a função de ordenar as relações sociais. Dessa forma, os jornalistas pertencentes aos megaconglomerados são pressionados a reproduzir os valores hegemônicos que sustentam todo o sistema capitalista: consumo desenfreado, cultura sem fronteiras, competição, individualismo e privatização” (SOUZA: 2002, p. 148)

Teorias do jornalismo

TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo. Florianópolis, Insular, 2004.

TEORIA DA AÇÃO POLÍTICA, versão de esquerda

Nas teorias de ação politica, os media noticiosos são vistos de uma forma instrumentalista, isto é, servem objetivamente certos interesses políticos: na versão de esquerda, os media noticiosos são vistos como instrumentos que ajudam a manter o sistema capitalista; na versão de direita, servem como instrumentos que põem em causa o capitalismo. [...] as notícias são distorções sistemáticas que servem os interesses políticos de certos agentes sociais bem específicos que utilizem as notícias na projeção da sua visão do mundo, da sociedade, etc. (TRAQUINA: ,p. 163)

Para Herman e Chomsky, cinco fatores explicam a submissão do jornalismo aos interesses do sistema capitalista. Os cinco fatores são: 1) estrutura de propriedade dos media; 2) a sua natureza capitalista, isto é, a procura do lucro e a importância da publicidade; 3) a dependência dos jornalistas nas fontes governamentais e das fontes do mundo empresarial; 4) as ações punitivas dos poderosos; e 5) a ideologia anti-comunista dominante entre a comunidade jornalística norte-americana. (TRAQUINA: 2004, p. 165)

A teoria de Herman e Chomsky avança uma chamada propaganda framework (“modelo de propaganda”). Para os autores, toda a vastidão da cobertura dum acontecimento particular nos vários meios de comunicação social é tratada como uma campanha de publicidade maciça. (TRAQUINA: 2004, p. 166)

Frequentemente um tema ou acontecimento é capaz de servir às relações públicas ou exigências ideológicas de um grupo de poder. Estes temas ou acontecimentos são então vistos como ‘grandes estórias’ e podem nos ajudar a mobilizar a opinião pública numa direção específica. (TRAQUINA: 2004, p. 166)

Visão altamente determinista
Uso instrumentalista dos media noticiosos


TEORIA ESTRUTURALISTA
Basta dizer que os valores-notícia fornecem critérios nas práticas de rotina do jornalismo que permitem aos jornalistas, diretores e agentes noticiosos decidir rotineiramente e regularmente sobre quais as estórias que são noticiáveis e quais não são, quais as estórias que merecem destaque e quais as que são relativamente insignificantes, quais as que são para publicar e quais as que são para eliminar. (HALL In TRAQUINAS: 2004, p. 176)

Discurso das mídias

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2012.

‘informação’ e ‘comunicação’ são noções que remetem a fenômenos sociais; as mídias são um suporte organizacional que se apossa dessas noções para integrá-las em suas diversas lógicas – econômica (fazer viver uma empresa), tecnológica (estender a qualidade e a quantidade de sua difusão) e simbólica (servir à democracia cidadã). É justamente neste ponto que se tornam objeto de todas as atenções: do mundo político, que precisa delas para sua própria ‘visibilidade social’ e as utiliza com desenvoltura (e mesmo com certa dose de perversidade) para gerir o espaço público – apesar da desconfiança que as mídias suscitam, por serem um poente produtor de imagens deformantes; do mundo financeiro, que vê nas mídias uma fonte de lucro em razão de suas ligações com a tecnologia e o marketing em escala mundial; do mundo das ciências e tecnologia, que vê ai a ocasião de aperfeiçoar os meios de transmissão dos sinais e desenvolver suas próprias atividades de pesquisa; do mundo das ciências humanas e sociais, dentre as quais , a Sociologia, que se interessa pelo impacto das mídias sobre a opinião pública, a Semiologia [...] a Fiolosofia e a Antropologia Social [...], do mundo educativo que se pergunta sobre o lugar que as mídias devem ocupar nas instituições escolares e de formação profissional, de modo a formar um cidadão consciente e crítico com relação às mensagens que os rodeiam; enfim, do próprio mundo midiático. 15 – 16
As mídias não são uma instância de poder. Não dizemos que são estranhas aos diferentes jogos do poder social, dizemos que não são uma ‘instância de poder’. O poder nunca depende de um único indivíduo, mas da instância na qual se encontra o indivíduo e da qual ele tira sua força. 18
As mídias manipulam tanto quanto manipulam a si mesmas. Para manipular, é preciso um agente da manupulação que tenha um projeto e uma tática, mas é preciso também um manipulado. Como o manipulador não tem interesse em declarar sua intenção, é somente através da vítima do engodo que se pode concluir que existe uma manipulação. A questão, então, é saber quem é o manipulado, fato que, para as mídias, remete à questão de saber quem é o alvo da informação. (p. 18)
Se [...] informar é transmitir um saber a quem não o possui, pode-se dizer que a informação é tanto mais forte quanto maior é o grau de ignorância, por parte do alvo, a respeito do saber que lhe é transmitido. Assim sendo, a informação midiática está diante de uma contradição: se escolhe dirigir-se a um alvo constituído pelo maior número de receptores possível, deve basear-se no que se chama de ‘hipótese fraca’ sobre o grau de saber desse alvo e, logo, considerar que ele é pouco esclarecido. 18
As mídias não transmitem o que ocorre na realidade social, elas impõem o que constroem do espaço público. 19
Se são um espelho, as mídias não são mais do que um espelho deformante, ou mais ainda, são vários espelhos deformantes ao mesmo tempo, daqueles que se encontram nos parques de diversões e que, mesmo deformando, mostram cada um à sua maneira, um fragmento amplificado, simplificado, estereotipado do mundo. (p. 20)

A informação é, numa definição empírica mínima, a transmissão de um saber, com a ajuda de uma determinada linguagem, por alguém que o possui a alguém que se presume não possuí-lo. (p. 33)
A informação é pura enunciação. Ela constrói saber e, como todo saber, depende ao mesmo tempo do campo de conhecimentos que o circunscreve, da situação de enunciação na qual se insere e do dispositivo no qual é posta em funcionamento. (p. 36)
O crédito que se pode dar a uma informação depende tanto da posição social do informador, do papel que ele desempenha na situação de troca, de sua representatividade para com o grupo de que é porta-voz, quanto do  grau de engajamento que manifesta com relação à informação transmitida. (p. 52)
Status do informador:
O informador tem notoriedade;
O informador é uma testemunha;
O informador é plural;
O informador é um organismo especializado;
A finalidade do contrato de comunicação midiática se acha numa tensão entre duas visadas, que correspondem, cada uma delas, a uma lógica particular: uma visada de fazer saber, ou visada de informação propriamente dita, que tende a produzir um objeto de saber segundo uma lógica cívica: informar o cidadão; uma visada de fazer sentir[AC1] , ou visada de captação, que tende a produzir um objeto de consumo segundo a lógica comercial: captar as massas para sobreviver à concorrência. (CHARAUDEAU, p. 86)
Não há captura da realidade empírica que não passe pelo filtro de um ponto de vista particular, o qual constrói um objeto particular que é dado como um fragmento do real. Sempre que tentamos dar conta da realidade empírica, estamos às voltas com um real construído, e não com a própria realidade. (CHARAUDEAU, p. 131)
Para que o acontecimento exista é preciso nomeá-lo. (p. 131)
Para que haja manipulação, é preciso alguém (ou uma instância) que tenha a intenção de fazer crer a outro alguém (ou uma outra instância) alguma coisa (que não é necessariamente verdadeira), para fazê-lo pensar (ou agir) num sentido que traga proveito ao primeiro; além disso, é preciso que esse outro entre no jogo sem que o perceba. [...] as mídias manipulam de uma maneira que nem sempre é proposital, ao se automanipularem, e, muitas vezes, são elas próprias vítimas de manipulação de instâncias exteriores. (p. 252)
Se olharmos para o público que se informa, reconhecemos que ele é corresponsável do processo de espetacularização do mundo que as mídias nos propõem.
É preciso ter em mente que as mídias informam deformando, mas é preciso destavar, para evitar fazer do jornalista um bode expiatório, que essa deformação não é necessariamente proposital. Mais uma vez, é a máquina de informar que está em causa, por ser ao mesmo tempo poderosa e frágil, agente manipulador e paciente manipulado. (p. 253)
Uma vez selecionados os acontecimentos, as mídias relatam de acordo com um roteiro dramatizante, que consiste [...] em: (1) mostrar a desordem social com suas vítimas e seus perseguidores; (2) apelar para a reparação do mal, interpelando os responsáveis por este mundo; (3) anunciar a intervenção de um salvador, herói singular ou coletivo com o qual cada um pode identificar-se. (p. 254)
As mídias podem sofrer pressões externas (a atualidade, o poder político e a concorrência) e internar (interesse e afetividade do alvo e engajamento da própria instância midiática.).


 [AC1]A Veja vende o que acredita ou vende o que acredita que o público acredita?

Padrões de manipulação da grande imprensa

ABRAMO, Perseu. Padrões de manipulação da grande imprensa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2003.

“Como o público é fragmentado no leitor ou no telespectador individual, ele só percebe a contradição quando se trata da infinitesimal parcela de realidade da qual ele é protagonista, testemunha ou agente direto, e que, portanto, conhece” (PERSEU, p. 24)

“A manipulação das informações se transforma, assim, em manipulação da realidade” (PERSEU, p. 24)
“1. Padrão de ocultação – é o padrão que se refere à ausência e à presença dos fatos reais na produção da imprensa. [...] É um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade.” (PERSEU, p. 25)
Opera no momento da pauta, quando está se decidindo o que será noticiado ou não é quando se decide o que é fato jornalístico daquilo que é não-jornalístico (PERSEU, p. 26).

O ‘jornalístico’ não é uma característica intrínseca do real em si, mas da relação que o jornalista, ou melhor, o órgão do jornalismo, a imprensa, decide estabelecer com a realidade” (PERSEU, p. 26)
“tomada a decisão de que um fato ‘não-jornalístico’, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa.” (PERSEU, p.26)

“2. Padrão de fragmentação – [...] O todo real é estilhaçado, despedaçado, fragmentado em milhões de minúsculos fatos particularizados, na maior parte dos casos desconectados entre si, despojados de seus vínculos com o geral, desligados de seus antecedentes e de seus consequentes no processo em que ocorrem, ou reconectados e revinculados de forma arbitrária e que não corresponde aos vínculos reais, mas a outros ficcionais e artificialmente inventados” (PERSEU, p. 27)

Operações básicas: seleção de aspectos do fato e descontextualização.

“A descontextualização é uma decorrência da seleção de aspectos. Isolados como particularidades de um fato, o dado, a informação, a declaração perdem todo o seu significado original e real para permanecer no limbo, sem significado aparente, ou receber outro significado, diferente e mesmo antagônico ao significado real original” (PERSEU, p. 28)

“3. Padrão da inversão – [...] reordenamento das partes, a troca de lugares de importância dessas partes, a substituição de umas por outras e prossegue, assim, com a destruição da realidade original e a criação artificial de outra realidade.” (PERSEU, p. 28)

Opera tanto no planejamento como na coleta das informações, mas ocorre principalmente na edição.
“3.1 Inversão da relevância dos aspectos: o secundário é apresentado como o principal e vice-versa; o particular pelo geral e vice-versa;
“3.2. Inversão da forma pelo conteúdo: o texto passa a ser mais importante que o fato que ele reproduz; a palavra, a frase, no lugar da informação, o tempo e o espaço da matéria predominando sobre a clareza da explicação;
“3.3. Inversão da versão pelo fato: não é o fato em si que passa a importar, mas a versão que dele tem o órgão de imprensa, seja essa versão originada no próprio órgão de imprensa, seja adotada ou aceita de alguém – da fonte das declarações e opiniões.” (PERSEU, p. 29)

3.3.1. frasismo: o abuso da utilização de frases ou de pedaços de frases sobre uma realidade para substituir a própria realidade. (PERSEU, p. 30)

3.3.2. oficialismo, expressão [...] utilizada para indicar a fonte ‘oficial’ ou ‘mais oficial’ de qualquer segmento da sociedade, e não apenas as autoridades do Estado ou do governo. No lugar dos fatos uma versão, sim, mas de preferência a versão oficial. (PERSEU, p. 30)

3.4. Inversão da opinião pela informação [consequência da utilização sistemática e abusiva” dos outros padrões] o órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com a agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é inescrupulosamente utilizado como se fosse um juízo de realidade, quando não como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. (PERSEU, p. 31)

“Ao leitor/espectador, assim, não é dada qualquer oportunidade que não a de consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é autoritariamente imposta sem que lhe sejam igualmente dados os meios de distinguir ou verificar a distinção entre informação e opinião.” (PERSEU, p. 32)

“4. Padrão de indução [...] o que torna a manipulação um fato essencial e característico da maioria da grande imprensa brasileira hoje é que a hábil combinação dos casos, dos momentos, das formas e dos graus de distorção da realidade submete, em geral e em seu conjunto, a população à condição de excluída da possibilidade de ver e compreender a realidade real e a induza a consumir outra realidade, artificialmente inventada. É isso que chamo de padrão de indução.” (PERSEU, p. 33)

Esse padrão “ultrapassa esses processos e abarca, ainda, os planos de apresentação final, no parque gráfico ou nas instalações de radiofusão, distribuição, [índices de tiragem e audiência de publicidade etc. – ou seja, os planos de produção jornalística como parte da indústria cultural e do empreendimento empresarial-capitalista.” (PERSEU, p. 34)

“A indução se manifesta pelo reordenamento ou pela recontextualização dos fragmentos da realidade, pelo subtexto – aquilo que é dito sem ser falado – da diagramação e da programação, das manchetes e notícias, dos comentários, dos sons e das imagens, pela presença/ausência de temas, segmentos do real, de grupos da sociedade e de personagens” (PERSEU, p. 34)

“5. Padrão global ou o padrão específico do jornalismo de televisão e rádio” (PERSEU, p. 35) um padrão que se divide em três momentos básicos: o da exposição do fato, o da sociedade fala e o da autoridade resolve, e ainda um quarto que é opcional: o do epílogo que é quando o apresentador ou outro profissional tece comentários tranquilizando ou alienando o público. Uma lógica que guia a apresentação das notícias nestes dois veículos que, mesmo que possa haver variações, como observa Abramo, é seguida pela maior parte do noticiário.

Por que os empresários da comunicação manipulam? No campo econômico, Abramo considera tanto a figura do anunciante e sua influência na abordagem de conteúdos que possam contrariá-lo ou agradá-lo, quanto a ambição do lucro do próprio empresário que “distorce e manipula para agradar seus consumidores e, assim, vender mais material de comunicação e aumentar seus lucros: a responsabilidade é do próprio empresário de comunicação, mas a motivação é econômica” (ABRAMO, p. 43) Apesar de considerada como resposta à esta indagação, a busca pelo lucro, por si só, é um argumento fraco, uma vez que este empresário, proprietário de capital, pode ter outros meios mais rentáveis para aumentar e expandir seu capital, a explicação para o uso específico da imprensa como um veículo de manipulação está no poder. 

“Assim, é sustentável a afirmação – pelo menos em caráter de hipótese de trabalho – de que os órgãos de comunicação se transformaram em novos órgãos de poder, em órgãos político-partidários, e é por isso que eles precisam recriar a realidade onde exercer esse poder, e para recriar a realidade precisam manipular as informações. A manipulação, assim, torna-se uma necessidade da empresa de comunicação, mas, como a empresa não foi criada nem organizada para exercer diretamente o poder, ela procura transformar-se em partido político. Aliás, os grandes e modernos órgãos de comunicação, no Brasil, parecem-se efetivamente muito com partidos políticos” (ABRAMO, p. 44).


Jornalismo econômico

KUCINSKI, Bernardo. Jornalismo econômico. 3 ed. rev. São Paulo: Editora da Universidade Estadual de São Paulo, 2007

INTRODUÇÃO
A desordem monetária, que desde 1972 vem destruindo moedas nacionais e solapando a cultura do dólar, fez da economia o núcleo temático do noticiário jornalístico deste final de século, deslocando conflitos políticos para um segundo plano. 14
Para as elites, o cenário de alto risco deu ainda mais relevância ao noticiário econômico na tomada de decisões. 14
Com tudo isso, uma grave disfunção afeta o jornalismo dedicado à economia. A maioria dos leitores e dos telespectadores, mesmo os instruídos, como os estudantes universitários, não consegue decodificar o noticiário econômico. Para o grande público, a economia adquiriu, ao mesmo tempo, significados elementares, ligados ao seu dia-a-dia, e outros abstratos, de difícil compreensão. 14
Foi decisivo o jornalismo como linha auxiliar na campanha neoliberal dos anos 90 pelo desmonte do Estado social-democrata, na sedução dos jovens ao ideal do sucesso pessoal, na disseminação da nova utopia das classes médias: a de possuir o próprio negócio. O jornalismo econômico, veículo por excelência dessa nova ideologia, tornou-se o principal agendador do debate político. Assim, a disfunção de sua linguagem talvez tenha uma função ideológica. Um jornalismo que não se propõe a explicar e sim a seduzir. 14
O espaço dos jornalistas dedicados à economia permanece confinado, dificultando a formação de uma nova linguagem, apropriada à apresentação e à análise da questão econômica para um grande público. 15
No Brasil, essa disfunção foi acentuada pelas deficiências na formação tanto de jornalsitas como de leitores, pelos obstáculos à prática do jornalismo e pelo número reduzido de publicações voltadas à macroeconomia e à economia política. 15
PESQUISAR: revistas Visão e Banas, surgidas no bojo da industrialização dos anos 50; e Fator, surgida no bojo da crise dos anos 60.
Motivadores do crescimento do jornalismo de serviço: alta do petróleo, greve operárias, recessão dos anos 80, altas dos preços. “A inflação alimenta o jornalismo de serviços voltado aos problemas econômicos e financeiros de seus leitores de classe média, tais como prestações da casa própria, aplicações em poupança, impostos e taxas escolares, custo de vida e defesa do consumidor” (p. 16)
O jornalismo de serviço é ao mesmo tempo didático e voltado a uma cidadania econômica. Com os repetidos pacotes econômicos, tornou-se vital no cotidiano das pessoas. 16
Entre 1968 e 1988 o espaço da economia nos jornais cresceu de 1,5 páginas para 6,5. 1/5 das manchetes foi de economia.
Como práxis, ou prática consciente e autocrítica, o jornalismo brasileiro voltado à economia se ressente da pouca autonomia ideológica do jornalista em relação às classes proprietárias na abordagem dos grandes temas da agenda político econômica. O predomínio da ideologia neoliberal [AC1] levou a uma ideologização da cobertura macroeconômica, simultaneamente a uma expansão do jornalismo de negócios. 16
DIÁRIOS
Gazeta Mercantil
Valor Econômico
Jornal do Comércio (Recife)
Diário do Comércio e Indústria (SP)
Diário do Comércio (SP)
Jornal do Comércio, de 1827(RJ)
Monitor Mercantil (RJ)
Jornal do Comércio (Porto Alegre)
Diário do Comércio (Belo Horizonte)
Indústria e Comércio (Curitiba)

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Amanhã (Porto Alegre)
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Expressão (Florianópolis)
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Fax (Dinheiro Vivo)

1.       O SABER E O CONHECIMENTO NO JORNALISMO ECONÔMICO

Acima de nosso saber apriorístico e nossos juízos de valor, tão importantes para o jornalista, a verdade jornalística a ser trabalhada e transmitida em cada momento é sempre a verdade contingente, que decorre da verdade dos fatos, de cada nova observação e não de uma crença. 21
Um dos problemas centrais do jornalista dedicado à economia é a precariedade das teorias econômicas, divididas em grande número de escolas de pensamento, cada qual com seus axiomas, manejados como instrumentos de persuasão ideológica e a maioria delas cada vez mais distante do objeto central das ciências humanas, o próprio homem. O jornalistas se move nesse caldo de cultura e, se desconhece as sutilezas das relações econômicas, tende a fazer ilações simplistas e tirar conclusões sem fundamento nos fatos ou na razão. 22
A falta de conhecimento do jornalista impede tanto a exposição coerente de suas ideias, como a filtragem crítica das premissas falsas, frequentemente usadas pelos agentes econômicos no debate da economia. 22
Predomina o minimalismo da informação e do conhecimento, uma deficiência informacional que se manifesta na precariedade e na baixa confiabilidade das estatísticas e que contribui para  a baixa qualidade das decisões da política econômica e do padrão do jornalismo econômico no Brasil. 22
Críticas de Kucinski sobre a falta de informação: falta de dados do IBGE desde 1985; não tem estatísticas de formação de estoques, formação de K fixo e distribuição de renda; dados sobre escolaridade e analfabetismo ultrapassados há anos; falta de estatísticas confiáveis de emprego e desemprego; não se divulga gastos com royalties e patentes;
“Vivemos em parte uma ilusão estatística, agravada ainda mais pelo crescimento da economia informal” 23
As novas gerações de jornalistas ressentem-se também da deficiência dos currículos dos cursos de jornalismo, que não trazem aporte substantivo de conhecimento sobre economia, história, sociologia, filosofia e política. 23
Na cobertura das políticas de governo e dos problemas macroeconômicos, é essencial o conhecimento das relações mais importantes entre as variáveis econômicas, assim como sua ligação com os âmbitos político e social. 23
O jornalismo de serviços combina níveis elementares de informação, quando trata de mercadorias e serviços, e níveis complexos, quando trata dos investimentos financeiros da classe média. 24
No debate econômico, abusa-se das falácias, argumentos com premissas aparentemente corretas, mas cujas conclusões são falsas. A mais frequente é a falácia estatística. Quase tudo pode ser provado em economia, manipulando-se estatísticas. 24
Outro típico argumento falho é o que inclui uma ou mais premissas falsas, montado em geral com objetivos ideológicos. 25
Frequentemente, jornalistas e economistas formulam leis gerais, e portanto relações de causalidade, com base em observações singulares. O que é um risco metodológico. Observações singulares não garantem a validade de uma lei geral. (...) Para escapar das falsas relações de causalidade, ou da formulação de leis inválidas, o jornalista deve evitar generalizações e tomar cuidado com a validade de suas premissas. 25 – 26
Com frequência, o jornalista erra por confusão conceitual. 27
O jornalista não deve reduzir a economia a uma regra de três. 27
Foi Fernando Henrique Cardoso quem formulou a versão mais acabada da teoria da dependência, ao postular que são as relações internas de cada país que tornam possível e dão forma à dependência. Para Fernando Henrique, dependência é a condição de funcionamento geral do sistema econômico e político, e subdesenvolvimento a medida do grau de diferenciação dos subsistemas. Ao contrário da maioria dos demais, impressionado pelo milagre econômico dos anos 70, Fernando Henrique dizia ser possível o desenvolvimento auto-sustentado, mesmo dentro da relação de dependência, em virtude de uma solidariedade econômica entre centro e periferia, apesar dos obstáculos políticos a serem vencidos na periferia. 48
Com o advento do neoliberalismo dos anos 80, essa tese se tornou não só majoritária, mas hegemônica, a ponto de desqualificar a priori toda alegação em contrário, considerar o desenvolvimento autônomo como impossível e indesejável, e erigir o capital estrangeiro como “força redentora”, a única salvação dos países de baixa renda. O jornalismo econômico no Brasil é comandado por essa tese, tanto em sua atitude geral como nas minúcias da cobertura. 69
Erro do jor econ.: chamar de investimento as aplicações de capitais estrangeiros na Bolsa de Valores brasileiro. Confusão com investimento produtivo.
Com a inflação crônica, o Brasil desenvolveu dezenas de índices de preços, nacionais, regionais ou setoriais. O acompanhamento dos preços tornou-se obsessivo, ocupando amplos espaços e manchetes frequentes. Jornais importante, como a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, criaram seções de acompanhamento de preços da cesta básica de supermercados e hipermercados. 130
O neoliberalismo se oferece então como a ideologia da reação à queda contínua do lucro das grandes empresas nos anos de 70, quando o acirramento do conflito distributivo aumentou o poder de barganha do movimento sindical, especialmente na Europa. 153
No ano seguinte (1980), Ronald Reagan chegou ao poder nos Estado Unidos, implantando a versão norte-americana do neoloberalismo, a reagonomics, que consistia basicamente em reduzir os benefícios sociais dentro dos Estados Unidos e priorizar as privatizações em suas áreas de influência, especialmente na América Latina. 153
Desde o surgimento dos grandes empréstimos bancários coletivos, os empréstimos sindicalizados (syndicated loans), por volta de 1967, ficou evidenciadaa relação direta entre os novos meios de comunicação e novos tipos de operações econômicas e financeiras. 158
A revolução das comunicações está provocando outras mudanças nos fluxos de informação econômica e na práxis jornalística. (...) Com base na informática, estão se multiplicando os boletins on line, em geral publicados pelos grandes jornais. No Brasil, O Estado de S. Paulo e A Gazeta Mercantil publicam boletins on line, com várias edições diárias, transmitidos a assinantes via faz. 161
Tanto no jornalismo escrito como no rádio e na TV é a narrativa final que define a qualidade da informação. A personalidade pública do jornalista, seu padrão ético e profissional. O bom jornalista procura ter uma boa narrativa, ser um bom contador de histórias. 167
A intencionalidade do jornalista pode ou não ser compartilhada pelos leitores. O texto é também a base de um diálogo com o leitor, e por isso o jornalista deve deixar que ele tira suas próprias conclusões. 167
No jornalismo dedicado à economia, um dos principais problemas de linguagem está no fato de ele se dirigir a pelo menos dois públicos bem diferentes, que se comunicam por códigos próprios: de um lado, especialistas, grandes empresários e profissionais do mercado; de outro, o grande público e os pequenos empresários. 167
A linguagem é também constitutiva de quem a formula, envolve todo o processo de estruturação do saber e do conhecimento de cada um e de cada coletivo. Os economistas apenas aparentemente usam a linguagem comum. De fato, eles a codificam em linguagem científica, na qual não apenas os argumentos são lógicos, mas também seus conteúdos são constituídos de sistemas lógicos, conceitos, relações e leis econômicas. 168
O desafio do jornalista está em reportar e analisar, transmitir opiniões de conomistas e governo, sem usar linguagem que as pessoas comuns não entendam, e sem violar os conceitos criados pela linguagem dos economistas. 168
Trata-se de objetividade como um princípio de adesão à honestidade intelectual e de propósitos e de primazia dos fatos, que se materializa na linguagem jornalística por meio de um conjunto de atributos de fundo e de estilo. 168
Atributos de fundo: relevância social do tema; hierarquização dos fatos; concatenação e contextualização; distinção entre opinião e informação.
Atributos de estilo: clareza, simplicidade, concisão e precisão.
Além de pouco claros, eufemismos como “crescimento negativo” têm motivações ideológicas. As elites dominantes esmeram-se em cria-los para camuflar os conteúdos de suas políticas econômicas. Os eufemismos emasculam a linguagem jornalística. 169
Para cada ação, um verbo específico, para cada verbo, uma ação. 170
A maioria das profissões definem-se por uma técnica. O jornalismo define-se por uma ética, um conjunto de valores que implicam regras específicas de conduta e responsabilidade pessoal do jornalista pelo seu trabalho. 173
A mera escolha do tema a ser ttratado em cada dia tem implicações éticas, assim como a decisão de usar ou não uma fotografia, de ouvir ou não mais uma fonte, de escutar ou não uma conversa de terceiros, de invadir ou não a privacidade de uma pessoa, de surrupiar um documento confidencial do governo. 173
A própria competência do jornalista é em grande parte medida pela sua capacidade de resolver adequadamente os dilemas éticos, exercendo ao máximo sua liberdade e independência, sob a pressão do tempo, dos jogos de poder e das limitações de mercado. 173
Nos seus primórdios, o jornalismo foi veículo de informações comerciais e econômicas de homens de negócios. Logo se tornou instrumento do direito de expressão do cidadão na fundação da democracia e da República. 174
O jornalista tornou-se um dos principais agentes da democracia, cabendo a ele revelar segredos do poder, informar, educar e esclarecer a população e, portanto, contribuir para a construção da cidadania e do exercício dos dieritos civis. 174
Os dois princípios fundamentais do padrão ético do jornalismo das democracias liberais são os de que a imprensa é considerada essencial à existência da democracia e de que cada jornalista é inteiramente responsável pelo que escreve e pelos resultados de sua ação, na medida em que ela é necessariamente intencional e consciente. 174
O jornal é uma mercadoria, vendida para dar lucro e, em geral, de propriedade de uma empresa ou de um empresário, e não dos próprios jornalistas. 176
O jornalismo especializado em economia está centrado muito mais nos mecanismos de produção e no processo geral de acumulação. Seu objeto principal é a lógica de produção de lucros. Seus valores referenciais são o sucesso a esperteza, e a verdade, nessa ordem. Seus heróis são as empresas bem-sucedidas. Sua ideologia mais permanente é a das teorias econômicas marginalistas que relegam o homem ao papel de variável dependente do sistema. (...) Podemos dizer que o jornalismo econômico não é apenas uma especialização, é uma modalidade de jornalismo, referenciada por uma ética própria. 176
Kucinski caracteriza o jornalismo e a cultura brasileira como autoritários. O jornalismo praticado aqui se diferencia daquele praticado em países com democracias liberais no que se refere à “renúncia à opinião própria não por respeito a uma objetividade jornalística, mas por autocensura” (p. 177). A autocensura é fruto do regime militar. As empresas jornalísticas, durante o período de censura,  se identificava com os objetivos do regime e estava preocupada em evitar a censura direta para não tornar o produto final diário imprestável. “Daí a auto-acomodação aos interesses do regime. O jornalista brasileiro típico é hoje aquele que naturalmente limita ou dosa as revelações que publica. A autocensura tornou-se uma cultura tão dominante que os jornalistas que rompem esse padrão bem comportado são mal vistos ou relegados ao ostracismo” (p. 177). O jornalista brasileiro não tem como seu norte os interesses do público. “O jornalista brasileiro acredita, em geral, que deve ponderar sobre as consequências da verdade que pretende publicas, sobre quem ou que grupos se beneficiarão dessa publicação, e condicionar sua publicação a esse julgamento” (p. 178).
O modo de pensar estritamente ideológico, composto apenas por ideias acabadas, é antijornalístico porque prescinde dos fatos, que são os fundamentos do jornalismo. Age como camisa-de-força intelectual, que dispensa a observação e despreza a informação contrária aos seus dogmas. 183
Foi assim no Brasil, na implantação do projeto neoliberal, em especial na campanha pelas privatizações, [AC3] em que todos os meios de comunicação de massa adotaram a mesma posição, apesar de a sociedade civil estar dividida. 183
Os padrçoes ideológicos do jornalismo surgem dos padrões das elites dominantes no momento. “Na ideologia do jornalismo econômico especificamente, influem muito as teorias econômicas dominantes em cada período. Essas teorias (...) fazem parte do conjunto de respostas das classes dominantes às várias crises que se sucedem no sistema” (p. 184)
No jornalismo econômico, The Economist ocupa posição-chave, como geradora primária de ideologia, papel que assumiu como proposta editorial e por ser a revista transnacional por excelência, lida pela comunidade internacional de homens de negócios. 184
Padrão ideológico: defesa da livre empresa e da democracia liberal.
No centrismo a objetividade jornalística se torna uma ideologia, no sentido de tentar justificar teoricamente a limitação no exercício da visão crítica. O centrismo é por sua vez a ideologia de uma política de controle social das redações baseada na desqualificação dos que defendem a reforma social. Sob a moderação do centrismo, os conservadores sentem-se à vontade, enquanto os reformadores ficam na defensiva. 185
A teoria econômica não só desumanizou-se como tornou-se ela própria um instrumento de maior desumanização da economia e do jornalismo econômico. (...) A negação do social pelas forças econômicas, que no neoliberalismo se tornou explícita e programática, se reflete na negação do social pelo jornalismo econômico convencional. 187
Na era neoliberal o jornalismo econômico se torna quase que um “aparelho ideológico de Estado”, um dos mecanismos não coercitivos usados pelas elites dominantes ou pelo Estado para manter as condições de reprodução do sistema, ao lado da escola e da Igreja, conforme tese do filósofo francês Louis Althusser. 188
A escolha da boa notícia, ao contrário do catastrofismo que caracteriza o jornalismo genérico, justifica-se pela natureza do processo econômico, mas tem conotações ideológicas. 188
Os jornais de influência nacional são assim designados exatamente devido à sua homogeneidade ideológica e importância como articuladores do processo de formação do discurso de persuasão das elites em torno do consenso nacional. 190
O OFICIALISMO: “Nosso jornalismo econômico tem se revelado subserviente [AC4] ao governo do dia, especialmente nos momentos cruciais em que o governo baixa pacotes econômicos e na abordagem geral das políticas econômicas” (p. 191)



 [AC1]Ler sobre qual era essa ideologia!
 [AC2]Mandar essa frase para a Rita

 [AC3]!!!!!
 [AC4]3.2. Alinhamento da mídia

Jornalismo econômico

CALDAS, Suely. Jornalismo econômico. São Paulo: Contexto, 2008.

A história
O jornalismo econômico tem a mesma idade da imprensa. Não há registro de um jornal sem notícias de fatos econômicos. 11

O jornalismo econômico não nasceu com a ditadura militar de 1964, como afirmam alguns. Embora tenha sido naquele período, como veremos adiante, que ele realmente passou a ganhar relevo, importância, prestígio, forma, organização e, dentro da estrutura das redações, um editoria própria. 11
No final do século XIX e início do século XX, os jornais brasileiros já traziam colunas fixas e diárias com temas exclusivamente econômicos. 11

O Estado de S.Paulo, 1920, coluna fixa de Cincinato Braga chamada “Magnos problemas econômicos”;
Austragésilo de Athayde tinha coluna nO Jornal com comentários sobre o mercado do café;
Nos primeiros anos do século XX os jornais passaram a publicar (o que fazem até hoje) seções  de mercados, em página inteira, com informações sobre cotação de abertura e fechamento dos mercados dos principais produtos agrícolas, do ouro e da prata, por exemplo. 12

1943, Getúlio Vargas inaugura a Cia. Siderúrgica Nacional (CSN); tempos de pesada censura à imprensa, por não ceder à censura, o Estado de S. Paulo sofreu intervenção durante cinco anos. Quando o jornal voltou a circular livremente, contrataram Frederico Heller e Roberto Appy para comentarem economia.
1950, segundo governo Vargas, criou Vale do Rio Doce e Petrobrás. “as notícias econômicas também prosperaram, embora ainda fossem publicadas de forma dispersa, em páginas diferentes, sem organização.” 12

“O jornalismo econômico floresceu e só ocupou espaço próprio à época da ditadura militar de 1964.” 13
Assim, as páginas de política emagreciam na mesma proporção em que as de economia engordavam, indiretamente incentivadas pelos generais, ávidos em divulgar feitos do ‘milagre econômico’ e da queda da inflação. 13

1972 - Aloísio Biondi, Jornal do Commercio, caderno especial de crítica à política econômica do ministro da Fazenda, Delfim Neto. Foi censurado;

1967 – ministro Delfim Neto queria indicar um amigo à presidência do Banco Central. “manipulada por Delfim, a imprensa começou a publicar suspeitas de que os integrantes da equipe econômica do general Castello Branco (...) teriam tirado proveito pessoal de uma desvalorização cambial” (p 16). Houve instauração de CPI. A manipulação só foi revelada em 1993.

Com o fim da ditadura e a conquista de um regime democrático, manobras, manipulações, falsificações de índices de inflação tornaram-se impossíveis de acontecer, pois sempre haverá uma instituição a denunciar, o cidadão a protestar, a imprensa livre a publicar. 17

A partir da década de 1960, os jornais organizaram suas editorias de economia, atraindo melhores – e mais bem pagos – profissionais do ramo. Como aquela era a editoria que mais crescia e ganhava espaço, o trabalho de apuração das informações passou a ser segmentado por setores econômicos específicos. E assim nasceu a especialização. 17

A especialização crescente teve o mérito de preparar e qualificar os jornalistas, que passaram a conhecer e entender melhor os mecanismos internos dos diversos setores econômicos. 18

Na época da censura, a editoria de economia investiu no “segmento de economia popular” (p. 19). Eram pautas diárias a Superintendência Nacional de Abastecimento (Sunab) e o Conselho Interministerial de Preços (CIP), assuntos ganharam o gosto dos leitores.

“Hoje, é verdade, a imprensa dá pouco espaço para a economia popular. Só O Globo e o Estadão mantêm páginas específicas, na editoria de economia, com o título “Defesa do consumidor”, onde o leitor encontra informações e serviços de interesse popular, inclusive queixas contra produtos, empresas e denúncias feitas à Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon)” 19

Num primeiro momento, segunda metade dos anos 60, a Abril criou as chamadas revistas técnicas, segmentadas por setores da economia e dirigidas às empresas e ao mundo de negócios que girava em torno deles. Química e derivados, Plásticos e embalagens, Máquinas e metais e Transportes Modernos foram experiências de sucesso, puxadas pela diversificação da economia industrial. O curioso é que Exame, até hoje a principal revista de economia do páis, nasceu como simples encarte delas, em 1967. O filhote cresceu e virou maior do que o quarteto que o gerou. 20

O mesmo fenômeno de valorização do jornalismo econômico aconteceu com a televisão e pelos mesmos motivos. “Porque entrava em lares de milhares de famílias, o noticiário da tevê era vigiado com lupa pelos militares.” (p. 20) Para atingir a grande massa e fugir do economês, foi frente à esta necessidade que Joelmir Beting saiu da cobertura de esportes para a de economia. “A preocupação de Joelmir Beting com a explicação didática dos assuntos tratados e a popularidade de seu programa lhe valeram o apelido de ‘Chacrinha da Economia’” (p. 21)

“’Não apenas a linguagem, os assuntos abordados também têm que ser diferentes na tevê, no rádio e no jornal. São três áreas bem distintas. No jornal, o texto é mais livre, o espaço maior e a diversidade de temas também. No rádio, a linguagem é coloquial, você conversa com o ouvinte. Na televisão, o público é passivo e muda de canal se o assunto é chato, pesado. Você tem trinta segundos para explicar por que os juros não baixaram e que implicações isto tem na vida das pessoas. Tive brigas infernais com a Globo por um minuto de tempo’, conta Joelmir Betting” (p. 22)[AC1] 

“’Os comentários eram mais didáticos do que são hoje. Havia preocupação especial em levar para o homem comum uma linguagem muito simples, assuntos de seu universo e explicados com um didatismo quase de professor. Como o público era desinformado sobre economia, muitas vezes o comentário ficava só na explicação, não havia tempo para passar disso’, lembra Marco Antonio Rocha” (p. 23)

Prestar serviços, explicar o reajuste da caderneta de poupança, o rendimento das ações da Petrobrás, atraor a atenção do público pelo seu interesse individual foi a saída encontrada pelas emissoras de tevê para enfrentar as limitações impostas pelo regime militar. 23

Abolida a censura, hoje o jornalismo econômico na tevê é menos preocupado com a explicação didática e em prestar serviços, sendo mais focado na conjuntura, nos efeitos das sucessivas crises econômicas dos últimos quinze anos, crises que afetam a vida das pessoas indistintamente, sejam pobres ou ricos. Mesmo os noticiários de horário nobre, de maior audiência, trazem assuntos econômicos relevantes, sem a preocupação obsessiva com o didatismo de Marco Antonio e Joelmir. 24

Seja em economia, política ou sociedade, não há coluna de notas que não traga uma intriga, que não seja alvo de algum interesse, que não passe algum recado, que não tome partido de alguém. (...) Mas é o próprio formato da coluna, o superficialismo das notas obrigatórias e diárias, que criam situações de cumplicidade com as fontes de informação. 25

Com a evolução da democracia, aumentou gradativamente o espaço de artigos de especialistas de fora do jornal. Mais ousados e independentes no comentários sobre as ações do governo, os edioriais também ganharam espaço maior. 26

Com raríssimas exceções, até o final dos anos 50 não havia imprensa independente no Braisl. Todos os jornais e revistas eram ligados ao poder público e dele dependiam financeiramente. 27

Hoje a dependência financeira ainda existe em regiões do país onde jornais, rádios e emissoras de tevê pertencem a caciques políticos locais (...) ou são ligados a uma determinada facção político-partidária. Nos grandes centros urbanos, onde o leitor é mais politizad, isso é cada vez mais difícil. 28



 [AC1]2.3. A visão dos jornalistas sobre o jornalismo econômico

Na prática a teoria é outra: os fatos e as versões da economia

BETING, Joelmir. Na prática a teoria é outra: os fatos e as versões da economia. São Paulo: Impres, 1973.

Se o calcanhar de Aquiles da contabilidade econômica no Brasil é a insuficiência de dados, o puxa-tapete do jornalismo econômico é, ao lado dessa mesma insuficiência de dados, o exercício de uma linguagem pouco adequada a veículos de comunicação de massa: o rançoso ‘economês’, hermético na forma e esotérico no conteúdo. (BETING: 1973, p. 32)

A epidemia do “dialeto”, que assola certos comentaristas de Economia, Política, Artes, Literatura, Futebol, Medicina, Religião, Arquitetura, Urbanismo, Educação (o “pedagogês”) ou Mundanismo (o maior “su”), tem duas explicações: de um lado, a vaidade profissional do entendido, do especialista (ou especializado) ou o do “por dentro”; de outro, a busca de uma só raça de leitor: o da curriola. O economista escreve para o economista. O crítico de qualquer coisa escreve para o crítico-colega da mesma coisa. O jornalista escrevendo para o jornalista da mesma faixa – e os 200 mil leitores que se danem. Espécie de comunicação de circuito fechado, pior que aquela comunicação denunciada pelo frasista Chesterton, para quem o jornalismo é a arte de tapar espaços vazios não cobertos pela propaganda comercial...” (BETING: 1973, p. 34)
O economês a gente aprende na escola. Mas se não tomar cuidado, o economista acabará falando, escrevendo e pensando em economês o resto da vida. Mesmo porque, o economês é uma varinha mágica absolutamente confortável. Aplicado como método, pode dar resposta a qualquer problema do vasto mundo da economia. (BETING: 1973, p. 36)

Exatamente por insistirem, fora da escola, no exercício dessa linguagem não operacionalizavel, é que alguns economistas profissionais quebram a cara quando submetidos a um desafio de comunicação, seja num artigo de jornal sobre a nova política de tarifas aduaneiras, seja num comentparuio sbre o comportamento dos papeis de sua empresa em bolsa, seja numa palestra ou conferencia durante o almoço de um clube de serviço do bairro. (BETING: 1973, p. 37)

Ocorre que a massa de leitores de um jornal americano, alemão ou inglês constitui um terreno já culturalmente fertilizado para esse tipo de comunicação de circuito fechado. No Brasil, porém, onde o interesse da opinião pública, como que repetindo o fenômeno japonês do pós-guerra, deslocou-se rapidamente do fato político-partidário para o fato econômico-social – no Brasil, o jornalismo especializado se vê postado diante de um vasto anfiteatro de leigos, neófitos ou apenas iniciados na esgrimagem do pensamento econômico. (BETING: 1973, p. 38)

É preciso, igualmente, promover uma generosa mudança de abordagem: estamos produzindo muita informação de interesse do governante na direção do empresário e do empresário na direção do governante. Falta-nos responder a uma necessidade gritante do leitor mais amado: a informação de interesse do consumidor, do trabalhador, do estudante, da dona-de-casa, a massa realmente leiga e desinformada. (BETING: 1973, p. 40)