quinta-feira, 30 de maio de 2013

A Determinação da Renda e do Emprego em Keynes

Neste post estão os fichamentos de KEYNES, CHICK e DILLARD, além de anotações de aula sobre o tema homônimo ao título acima.

2. Desemprego involuntário: Keynes e a Crítica aos clássicos
KEYNES, John Maynard. Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda. Tradução de Manuel Resende. Lisboa, Portugal: Relógio D’Água Editores, 2010.

Capítulo 2: Os Postulados da Economia Clássica
Geralmente os tratados sobre a teoria do valor e da produção focam em dados volumes de recursos e como eles são remunerados e seus valores relativos.  
A teoria clássica do emprego baseia-se em dois postulados (clássicos) fundamentais:
I.      O salário é igual ao produto marginal do trabalho: “o salário de uma pessoa empregada é igual ao valor que se perderia se o emprego fosse reduzido de uma unidade” (p.35)
II.   A utilidade do salário, quando está empregada uma dada quantidade de mão-de-obra, é igual à desutilidade marginal desse mesmo volume de emprego “isto é, o salário real de uma pessoa empregada é o exatamente suficiente (na estimativa das próprias pessoas empregadas) para induzir a trabalhar o volume de mão-de-obra efetivamente ocupado” (p. 35). Ou seja, o salário para o trabalhador é suficientemente bom para estimular todas as pessoas empregadas?
Desutilidade qualquer tipo de razão que induz o homem a recusar trabalho e o faz não aceitar um salário menor que “representa uma utilidade inferior a certo limite mínimo” (p. 36), em outras palavras, o que o leva a poder recusar um emprego que ele considere mal remunerado de acordo com seu conceito da utilidade de seu trabalho.
Desemprego friccional: imperfeições que são obstáculo para o pleno emprego, como exemplifica Keynes essas barreiras podem ser: desproporção dos recursos especializados, atrasos decorrentes de mudanças imprevistas;
Desemprego voluntário: “devido à recusa ou incapacidade de determinada unidade de mão-de-obra em aceitar uma remuneração equivalente à sua produtividade marginal, em virtude da legislação, dos costumes sociais, de uma coligação para efeitos de contrato coletivo de trabalho, ou ainda, da lentidão a adaptar-se às mudanças ou, simplesmente, em consequência da obstinação humana.” (p. 36)
O primeiro postulado, de acordo com a teoria clássica, é a curva da demanda de trabalho e o segundo a oferta. O volume de emprego é o ponto de equilíbrio entra a utilidade do produto marginal (ou quanto se paga por essa produtividade marginal) e a desutilidade do emprego marginal (em aula foi explicado que é a quantidade que o trabalhador se sujeita a receber para ter o ‘desprazer’ de trabalhar). Nas palavras do Keynes, o trabalhador estipula o mínimo que se sujeitará ao trabalho e recusa valores menores.
Formas de aumentar o emprego:
a)                 Melhorias na organização para reduzir o desemprego friccional;
b)                 “Uma redução da desutilidade marginal do trabalho, expressa pelo salário real, para a qual ainda existe mão-de-obra disponível, por forma a reduzir o desemprego voluntário” (p. 36). Ou seja? Diminuir as razões que faz com que o homem possa recusar o trabalho. Como o principal fator que o faz recusar é a incompatibilidade do salário com o “limite mínimo”, então a solução seria alterar o salário real para que ele fique ‘irrecusável’? Não, seria oferecer benefícios para que o trabalhador aceite esse desprazer como creches, melhoria nos transportes públicos e etc. pois não pode mexer no salário;
c)                 Aumento da produtividade marginal física do trabalho;
d)                 “Uma subida dos preços dos bens não salariais em relação aos preços dos bens salariais, conjugada com o deslocamento das despesas dos indivíduos não assalariados dos bens salariais para os de outras categorias” (p. 37)
“Esta escola parece não ter percebido que, a não ser que a oferta de mão-de-obra seja função apenas do salário real, a sua curva de oferta se deslocará como um todo a cada movimento dos preços” (p. 38). Os trabalhadores não costumam abandonar o emprego sempre que há aumento no preço dos bens salariais e nem os salários variam tanto quanto os preços como pressupõem os clássicos.
O fato de que o desemprego que caracteriza um período de depressão é por conta da recusa dos trabalhadores de receberem menos não se sustenta frente aos fatos e para ilustrar isso Keynes usa o desemprego nos Estados Unidos em 1932. Nessa época houve amplas variações do volume de emprego sem ter mudanças nos salários reais mínimos exigidos pelos trabalhadores; muito menos sua produção física é menor.
Em casos de variação do nível geral de salários, “quando os salários nominais sobem, constata-se que os salários reais descem, e quando os salários nominais descem, os salários reais sobem. Isto deve-se a que, no curto prazo, a descida dos salários nominais e a elevação dos salários reais constituem, por motivos diferentes, fenômenos ligados à diminuição do emprego, pois, embora o trabalhador se mostre mais disposto a aceitar reduções de salário quando o emprego declina, os salários reais tendem, inevitavelmente, a crescer nas mesmas circunstâncias, em virtude do maior retorno marginal de um dado equipamento de capital quando a produção diminui” (p. 39)
“...habitualmente há uma quantidade de mão-de-obra superior à atualmente empregada disponível ao salário nominal vigente, mesmo quando se verifica uma subida do preço dos bens salariais, e consequentemente, o salario real diminui. Se isto for verdade, os bens salariais equivalentes ao salário nominal vigente não representam a verdadeira medida da desutilidade marginal do trabalho e o segundo postulado deixa de ter validade” ou seja, a afirmação de que os trabalhadores não aceitam emprego pelo mínimo estipulado por eles é falso porque sempre haverá mão-de-obra disponível para trabalhar por menor que seja o salário. Certo? Sim.
Não é válido o pressuposto clássico que diz que o nível geral de salários depende das negociações entre trabalhadores e empregadores. Contra esse segundo postulado, Keynes faz duas objeções: 1ª) quanto ao comportamento dos trabalhadores – ele considera que é impossível que um trabalhador desempregado se recuse a um emprego só porque houve redução de salários reais; 2ª) é contestada a hipótese de que o nível geral dos salários reais é determinado pelas negociações salariais já citadas – Keynes diz que são “outras forças que primordialmente determinam o nível geral dos salários reais” (p. 42).
“a competição em torno dos salários nominais afecta, primordialmente, a distribuição do salário agregado entre os diferentes grupos de trabalhadores e não o seu montante médio por unidade de emprego. O qual depende de um conjunto diferente de factores variáveis” (p. 43).
“Há desempregados involuntários quando, na eventualidade de uma ligeira elevação dos preços dos bens salariais relativamente aos salários nominais, tanto a oferta agregada de mão-de-obra disposta a trabalhar pelo salário nominal corrente como a procura agregada da mesma ao dito salário sejam superiores ao volume de emprego existente.” (p. 44) A ausência desse emprego involuntário denomina-se pleno emprego.
“O desemprego aparente terá, pois, de ser o resultado de uma perda temporária de trabalho entre dois empregos, do caráter intermitente da procura de recursos altamente especializados, ou de uma política dos sindicatos no sentido de impedir a contratação de mão-de-obra não sindicalizada” (p. 44)
“Os teóricos da escola clássica lembram geómetras euclidianos num mundo não euclidiano que, tendo descoberto que, na realidade, as linhas aparentemente paralelar se encontram com muita frequência, as repreendem por não se conservarem retas como único remédio para infelizes intersecções que se produzem” (p. 44)
Num dado estado da organização, do equipamento e da técnica, a cada nível de salário real ganho por uma unidade de trabalho há uma correlação unívoca (inversa) com o volume de emprego. Portanto, se o emprego aumentar, isso quer dizer que no curto prazo a remuneração por unidade de trabalho, expressa em bens de consumo dos assalariados, deve, em geral, diminuir e os lucros devem aumentar. Este é, simplesmente, o reverso da proposição já bastante conhecida, segundo a qual a indústria trabalha normalmente sujeita a rendimentos decrescentes a curto prazo, durante o qual se supõe que permanecem constantes o equipamento, etc., pelo que o produto marginal das indústrias de bens salariais (o qual determina os salários reais) se reduz necessariamente á media que o emprego aumenta” (p. 45)
O pensamento contemporâneo está ainda fortemente impregnado da noção de que, se o dinheiro não for gasto de uma forma, o será de outra – Keynes cita os primeiros trabalhos de Marshall.

CHICK, V. (1983) Macroeconomia após Keynes. São Paulo: Forense, 1993
“a teoria (clássica) é que o salário real observado e o nível de emprego se ajustam tanto ao volume demandado quanto ao volume máximo voluntariamente oferecido; na prática, ambos os postulados são satisfatório. Se não houver mais mão-de-obra espontaneamente oferecida por um dado salário do que o volume indicado pela curva de oferta, a conclusão será que a teoria clássica afirma que todos os que querem um emprego o terão – haverá pleno emprego” (p. 148)
O conceito do emprego fictício ou friccional como estava no livro de Keynes é originado das imperfeições do mercado de trabalho, principalmente pela imperfeição de as vezes um trabalhador demorar para encontrar um emprego.
Demanda de mão-de-obra: “os pontos sobre a curva de demanda de mão-de-obra representam a estratégia de maximização de lucros das empresas em cada nível possível de salários, dada a demanda (e, por conseguinte, o preço) que esperam. (p. 149)
Oferta de mão-de-obra: indica o total máximo de horas espontaneamente dedicadas ao trabalho em cada salário (dado o preço esperado).(p. 150)
A ideia de pleno emprego é um volume singular de emprego, pode-se pensar nele a partir da curva da oferta e demanda de mão-de-obra com conceitos clássicos. Nessa comparação, a curva de demanda de mão de obra resulta da demanda (esperada) de produção. “Dessa forma, ‘pleno emprego’ se associa a um nível sem par de produção assim como a um número sem igual de horas de trabalho” (p. 150)
“O ponto de inflexão da curva, se tivesse que ser determinado, seria uma medida da força máxima de trabalho obtenível, e este valor poderia ser considerado “pleno emprego”; ele é, de fato, o nível de satisfação pleno de emprego: nada, pelo menos nada pecuniário, convencerá ninguém a trabalhar horas extras.” (p. 152)
Objeções de Keynes ao segundo postulado clássico: comportamento do trabalhador e a presunção de que a mdo está em posição de decidir o salário real.
Definição clara de salário real: “Os preços, isto é, o valor real do salário de alguém, só se formam depois que o contrato para trabalhar e a ser pago, em alguma mercadoria ou dinheiro, seja feito. Além disso, o valor real do salário para o empregador pode depender de um conjunto inteiramente distinto de mercadorias” (p. 154)
Previsão perfeita para os empresários: “O procedimento é de compor estimativas no início do período, considerando custos e compromissos de produção, e descobrindo o seu lucro no fim. A demanda de mão-de-obra por determinado salário normal para uma empresa que compete para maximizar seus lucros, é fornecida pelo produto marginal do trabalho avaliado ao preço a que se espera seja vendido o produto desse trabalho – “o produto de valor marginal” (p. 155)
O # efetivo de empregos oferecidos se dá pela demanda efetiva, mas depende do salário. Por isso as empresas precisam fazer uma previsão do salário. Enquanto o agregado de empregos oferecidos não ultrapassar a oferta máxima de mão-de-obra, os salários reais e os empregos são compatíveis com a demanda.
Um mundo sem compromissos com a força de trabalho atual e sem nenhuma relação até mesmo com a recente história do mercado, e onde faltam os custos da pesquisa e do treinamento e da contratação e demissão, é um mundo em que a razão do lucro sempre garantiria que as empresas empregassem mão-de-obra pelo preço mais baixo possível. (p. 161)

ANOTAÇÕES DE AULA
Salário real (Wr) é determinado pelo produto marginal do trabalho (PMgT), então Wr=PMgT
Salário nominal (Wn) é determinado pela Desutilidade Marginal do Trabalho (DMgT), então Wn=DMgT
Como o salário real é uma relação entre salários nominais e preços, ou seja, Wr = Wn/P e os preços não são influenciados pelos trabalhadores dessa economia, então a determinação do nível de emprego não pode ser dada pelos trabalhadores, uma vez que eles só tem capacidade de negociar os salários nominais (Wn).
Quem determina a função Oferta Agregada são as empresas que decidem o quanto produzir; tendo em vista o curto prazo, devem decidir usar ou não as máquinas levando em conta a sua capacidade produtiva – onde está inserida a tecnologia.

Capítulo 3: O Princípio da Demanda Efetiva: a visão de Keynes
CHICK  - Capítulo 4 p. 69 – 72

Produto e emprego são determinados pelo Princípio da Demanda Efetiva. Está na operação deste princípio que as características de uma economia de produção, organizada em linhas capitalistas, desempenham seus papéis mais claramente; os produtores determinam o nível do produto; portanto, o Princípio da Demanda Efetiva repousa sobre um modelo de comportamento das empresas. (p. 69)
A determinação do produto e do emprego se configura num problema no período de produção. O investimento é visto, nesse contexto, como algo que foi decidido segundo expectativas de longo prazo que são supostas como dadas para os objetivos ora almejados.
Está na natureza do negócio de produção para a venda que a escolha do que e do quanto produzir, e de quanto cobrar, deve ser feita segundo estimativas dos custos e uma previsão da demanda.
A mera existência de desemprego não constitui por si mesma uma razão para as empresas expandirem ainda mais o volume do seu produto. (p. 70)
Demanda agregada é uma relação que representa o volume de despesa de acordo com o nível e a atividade econômica associada a cada nível de emprego. Ela pode se referir tanto aos planos de gasto dos consumidores agregados quanto aos das empresas inversoras, ou pode se referir ao agregado de estimativas de gastos que as empresas fazem ao determinar o volume apropriado de produção. (p. 71)
A demanda efetiva não é uma relação – é o ponto na relação de antecipação da demanda agregada das empresas que se “torna efetivo” pelas condições de produção da empresa. ...é o valor das vendas antecipadas Demanda efetiva é um termo infeliz, pois realmente se refere à produção que será oferecida; em geral não há certeza de que ela seja também demandada. (p. 72)

Capítulo 3: O princípio da demanda efetiva
Custo de fatores: montantes pagos pelos empresários aos fatores de produção por seus serviços habituais; É também considerado a renda dos fatores de produção;
Custo de uso: montantes que o empresário paga a outros empresários pelo o que ele compra, “juntamente com o sacrifício que faz utilizando o seu equipamento em vez de o deixar ocioso” Keynes diz em na terceira nota de rodapé que esse custo depende do grau de integração da indústria e da importância das compras que os empresários realizam entre si.
Lucro ou renda do empresário é “a diferença entre o valor da produção resultante e a soma do custo de fatores e do custo de uso.
Renda total ou renda agregada do emprego oferecido pelo empresário é custo de fatores + lucro, é também chamada de produto do determinado nível de emprego considerado.
“o preço da oferta agregada do produção resultante de determinado volume de emprego é o produto esperado, que é exatamente suficiente para que os empresários considerem vantajoso oferecer o emprego em questão” (p)
O volume de emprego depende do nível de receita que os empresário esperam receber da correspondente produção. “O volume de emprego é determinado pelo ponto de interseção da função demanda agregada e da função da oferta agregada, pois é nesse ponto que as expectativas de lucro dos empresários serão maximizadas.” (p.)
“Quando o emprego aumenta, aumenta, também, a renda real agregada. A psicologia da comunidade é tal que, quando a renda real agregada aumenta, o consumo agregado também aumenta, porém não tanto quanto a renda. Em consequência, os empresários sofreriam uma perda se o aumento total do emprego se destinasse a satisfazer a maior demanda para consumo imediato. Dessa maneira, para justificar qualquer volume de emprego, deve existir um volume de investimento suficiente para absorver o excesso da produção total sobre o que a comunidade deseja consumir quando o emprego se acha em determinado nível. A não ser que haja esse volume de investimento, as receitas dos empresários serão menores que as necessidades para induzi-los a oferecer tal volume de emprego. Dado o que chamamos de propensão a consumir da comunidade, o nível de equilíbrio do emprego, isto é, o nível em que nada incita os empresários em conjunto a aumentar ou reduzir o emprego, dependerá do montante do investimento corrente. O montante de investimento corrente dependerá, por sua vez, do que chamaremos de incentivo para investir, o qual como se verificará, depende da relação entre a escala da eficiência marginal do capital e o complexo das taxas de juros que incidem sobre os empréstimos de prazos e riscos diversos.” (p. )
Proposições de Keynes sobre a demanda efetiva:
1)                 Sob certas condições de técnica, de recursos e de custos, a renda depende do volume de emprego;
2)                 A relação renda e consumo numa comunidade depende de características psicológicas, que ele chama de propensão a consumir. Consumo depende do montante de renda agregada.
3)                 Quantidade de mão de obra empregada depende da soma do consumo que se espera da comunidade e o montante a ser aplicado em novos investimentos. Resultado é a demanda efetiva;
4)                 ???
5)                 o nível de emprego de equilíbrio depende (i) da função da oferta agregada, (ii) da propensão a consumir e (iii) do montante de investimento. Esta é a essência da Teoria Geral do Emprego” (p. )
6)                 Cada volume de emprego corresponde a certa produtividade marginal e isso é o que determina o salário real.
7)                 Quanto maior for o nível de emprego, maior será a diferença entre o preço da oferta agregada da produção correspondente e a soma que os empresários esperam recuperar com os gastos dos consumidores. Quando a propensão a consumir não varia, o emprego não pode aumentar.
“A propensão a consumir e o nível do novo investimento é que determinam, conjuntamente, o nível de emprego, e é este que, certamente, determina o nível de salários reais – não o inverso.”
“Quanto mais rica for a comunidade, mais tenderá a ampliar a lacuna entre a sua produção efetiva e a potencial. (...) Não apenas a propensão marginal a consumir é mais fraca em uma comunidade rica, como também, em virtude  de o capital acumulado já ser grande, as oportunidades para novos investimentos são menos atrativas, a não ser que a taxa de juros desça a um ritmo bastante rápido.”
Lacunas a serem preenchidas pela teoria: análise da propensão a consumir, definição da eficiência marginal do capital e teoria da taxa de jutos.

Livro 2 – Definições e Ideias
Capítulo 5: A expectativa como elemento determinante do produto e do emprego
As expectativas, das quais dependem as decisões da atividade econômica, dividem-se em dois grupos:
- expectativas de curto prazo: relaciona-se com o preço que um fabricante pode esperar obter pela sua produção “acabada”, no momento em que se compromete a iniciar o processo que o produzirá, considerando que os produtos estão acabados quando prontos para serem usados ou vendidos a outrem; expectativas relativas ao custo da produção em diversas escalas e expectativas relativas ao produto da venda desta produção;
- expectativas de longo prazo: refere-se ao que o empresário pode esperar ganhar sob a forma de rendimentos futuros, no caso de comprar produtos acabados para os adicionar a seu equipamento de capital.
“Os resultados efetivamente realizados da fabricação e da venda da produção só terão influência sobre o emprego à medida que contribuam para modificar as expectativas subsequentes”
“O volume de emprego em um momento qualquer depende, em certo sentido, não apenas do estado atual das expectativas, mas também de todos os estados de expectativa que existiram no curso de certo período anterior”
Quando os produtores modificam gradualmente as suas previsões, fazem-no com mais frequência à luz dos resultados obtidos do que tendo em vista as mudanças prováveis.

ANOTAÇÃO DE AULA 28/03/12
Decisões de gasto determinam a renda da economia.
Oferta agregada ligada às condições de produção com a lógica da maximização de lucros é o que determina a renda mínima que induz o empresário a contratar trabalhadores e produzir.
Demanda = C + I + Gp + X – M Keynes considera só as variáveis C e I para entender o que está por detrás das decisões de consumo e investimento.
Para Keynes os preços são rígidos, ele desconsideram o fundamento de que os preços precisam ser flexíveis para que o pleno emprego se sustente como diziam os clássicos.
Expectativas de curto prazo são as expectativas em torno das decisões de produção dos agentes que estão a decidir sobre como usar sua capacidade produtiva em vista a realização no mercado.
As expectativas de longo prazo consideram, por exemplo, a produção de máquinas que leva em conta as prospecções e expectativas de outros empresários.
Como a renda se relaciona com o consumo? Keynes associa consumo estritamente à renda, portanto o consumo é dependente da renda e essa relação ele chama de propensão a consumir. A propensão depende de fatores objetivos e subjetivos. No curto prazo a propensão a consumir é estável porque todos os fatores apontados por Keynes não exercem influência nesse prazo pequeno.

Capítulo 8: A Propensão a Consumir: I. Os Fatores Objetivos

“A função de procura agregada relaciona cada nível de emprego com os proveitos que se espera realizar com esse volume de emprego. Os proveitos são constituídos pela soma de duas quantidades – a soma que será despendida em consumo quando o emprego se encontra a esse nível dado e a soma que será consagrada ao investime0nto. Os factores que determinam estas duas quantidades são bastante diferentes.” p. 107
Keynes define a propensão a consumir como o consumo medido em unidades de salário (Cw) em função da renda medida em unidades de salário (Yw):
Cw = X(Yw) ou C=W.X(Yw)
“O montante que a comunidade despende com o consumo depende, evidentemente: i) em parte, do montante do seu rendimento; ii) em parte, das outras circunstâncias objectivas atinentes; e, iii) em parte, das necessidades subjectivas, propensões psicológicas e hábitos dos indivíduos que a compõem, bem como dos princípios que governam a repartição do rendimento entre eles (que podem sofrer alterações com o aumento da produção).” p. 108
Apesar de admitir que esses fatores relacionam-se entre si, o autor propõe a divisão entre fatores objetivos e subjetivos. O segundo engloba as “características psicológicas da natureza humana e os costumes e instituições sociais” (109) e podem até serem consideradas constantes no curto período de tempo (“salvo em circunstâncias anormais ou revolucionárias” 109).
Já os fatores objetivos podem ser divididos em seis:
1)      Uma variação na unidade de salário: “se a unidade de salário variar, os dispêndios com consumo correspondentes a certo nível de emprego variarão na mesma proporção, assim como os preços; ainda que, em certas circunstâncias, tenhamos de levar em conta as possíveis consequências sobre o consumo agregado de uma mudança da repartição do rendimento real entre os empresários e os rentiers resultante de uma variação da unidade de salário” (109);
2)      Uma variação da diferença entre rendimento e rendimento líquido: consideração feita por que o indivíduo tem o rendimento líquido a sua disposição na hora de tomar suas decisões;
3)      Variações excepcionais imprevistas dos valores do capital não consideradas no cálculo do rendimento líquido: representa uma possível valorização de ativos que faz a pessoa se ‘sentir mais rica’: “O consumo da classe proprietária de riqueza pode ser extremamente susceptível às variações excepcionais imprevistas do valor nominal do seu patrimônio. Este deve ser classificado entre os principais fatores susceptíveis de originar variações de curto prazo da propensão a consumir” (p. 110);
4)      Variações da taxa de descontos intertemporal, isto é, da relação de troca entre os bens presentes e os bens futuros: há certas diferenças entre essa taxa de descontos e a taxa de juros, a principal delas, é o fato de Keynes considerar que a primeira considera variações futuras do poder aquisitivo da moeda; porém, ele admite que é  possível aproximar um conceito do outro. Ele ainda discute a complexidade de se admitir o reflexo das variações da taxa de juros no consumo e diz que seria possível que houvesse uma mudança de comportamento a longo prazo a partir de uma variação da taxa, mas ele ressalta mais uma vez que no curto prazo essas variações não causem grandes efeitos, com exceções. “ De todas as influências que operam através de variações na taxa de juros sobre a disponibilidade para gastar uma parte de determinado rendimento, talvez a mais importante seja o efeito dessas variações sobre a subida ou descida do preço de valores mobiliários e de outros ativos. Se um indivíduo beneficiado por um aumento excepcional do valor do seu capital, é natural que se fortaleçam as suas motivações para gastar no período corrente (ainda que em termos de rendimento o valor do seu capital não tenha aumentado), ao passo que, se estiver a sofrer perdas de capital, as suas motivações para gastar enfraquecerão” (p. 111);
5)      Variações da política orçamental: a política orçamentária do governo afeta a propensão a consumir tanto quanto a taxa de juros. “Se a política fiscal for utilizada como um instrumento deliberado para promover uma maior igualdade na distribuição dos rendimentos o seu efeito sobre o aumento da propensão a consumir será, naturalmente, ainda maior.” (112);
6)      Modificações das expectativas acerca da relação entre os níveis presentes e futuros do rendimento;

O que Keynes conclui com todos esses fatores se resume na existência de uma “lei psicológica fundamental” que diz que “os homens estão dispostos a aumentar o seu consumo quando o seu rendimento cresce, embora não no mesmo grau em que aumenta o seu rendimento” (p. 113), ou seja, as variações de Cw e Yw terão sempre o mesmo sinal, mas ΔCw é sempre menor que a ΔYw. Por isso ocorrer, Keynes considera que a poupança deve crescer, uma vez que nem toda renda acrescida será consumida. Ocorre também variações de iguais valores, mas proporções diferentes entre a poupança e a renda medida em salários.
Por outro lado, caso ocorra uma diminuição do rendimento muito acentuada, o consumo poderá exceder o rendimento. Para esta afirmação Keynes considera o fato de o trabalhador poder receber ajuda financeira do governo ou então pelo simples fato de ele passar a gastar suas reservas financeiras em momentos adequados.
Com toda essa análise dos fatores e suas influências na propensão a consumir, Keynes mostra que “o emprego só pode aumentar pari passu com um aumento do investimento” (p. 115), já que ficou comprovado o fato de aumentos de renda não serem totalmente acompanhados com aumentos excepcionais de consumo, eles sé se ajustam.
Keynes faz uma ressalta importante sobre o rendimento líquido. Seguindo ele – e relembrando que o consumo é em função do “rendimento líquido, isto é, do investimento líquido (pois o rendimento líquido é igual ao consumo mais o investimento líquido)” (p. 115) – há perigos quando a provisão financeira não é gasta ou se destine a manutenção e amortização de equipamentos. O autor faz uma explicação grande sobre os efeitos que o aumento nas amortizações e depreciações causam na economia quando essa provisão não fica disponível nem para o consumo muito menos para os investimentos. Sem a contrapartida de um investimento novo essa precaução pode se refletir na geração de emprego. Ele cita exemplos dos Estados Unidos até 1929 e na Grã Bretanha até 1935.
Outros exemplos de fatores que contribuem para uma baixa propensão a consumir são citados por DILLARD: “grandes magnitudes do seguro de vida e do seguro social e a prudência financeira das sociedades anônimas com relação ao pagamento de dividendos e descontos de depreciação” (p. 77). O autor prossegue: “O ônus que pesa sobre o investimento para a manutenção de altos níveis de emprego cresce à medida que se restringe o consumo” (p. 78).
“O consumo – repetindo o óbvio – é o único fim e objeto da atividade econômica. As oportunidades de emprego estão necessariamente limitadas pela extensão da procura agregada. A procura agregada só pode ser derivada do consumo presente ou das provisões presentes para o consumo futuro. O consumo a que podemos prover vantajosamente com antecedência não pode ser indefinidamente adiado. (...) E mais: quanto maior for a provisão antecipada para o consumo, maior será a dificuldade de encontrar novas necessidades para prover, e maior a nossa dependência do consumo presente como fonte de procura” (p. 120).

Capítulo 9: A Propensão a Consumir: II. Os fatores subjetivos

Keynes aponta oito fatores que levam os indivíduos a absterem-se de gastar o rendimento:
i)          Precaução: Fazer reserva para imprevistos;
ii)        Previdência: Precaver necessidades futuras do indivíduo ou da família;
iii)      Cálculo: Pensar no juros e apreciação para preferir um consumo futuro ao presente;
iv)      Melhoria: Gasto gradualmente crescente;
v)        Independência: “Desfrutar de uma sensação de independência ou do poder de fazer coisas, mesmo sem uma ideia clara ou uma intenção precisa de ação específica” (p. 123);
vi)      Iniciativa: Garantir dinheiro para projetos especulativos;
vii)    Orgulho: Legar uma fortuna;
viii)  Avareza;
Ao contrário, Keynes elege cinco motivos para consumir: “prazer, imprevidência, generosidade, irreflexão, ostentação e extravagância” (p. 124). Poupanças de governos, empresas comerciais e instituições também podem animar indivíduos por quatro motivos:
i)                    A motivação da empresa: recursos para novos investimentos de capital;
ii)                  A motivação da liquidez: garantir recursos por precaução;
iii)                A motivação do melhoramento: assegurar aumento de rendimentos;
iv)                A motivação da prudência financeira: constituir uma reserva financeira que exceda o custo de uso para amortizar num ritmo maior que o de desgate dos equipamentos;
“A força de todas estas motivações varia enormemente em função das instituições e da organização da sociedade econômica que pressupomos” (p. 125)

DILLARD, cap 5, pp 71-78
Capítulo V: A propensão a consumir e o multiplicador do investimento
“O objetivo último da teoria de Keynes é explicar o que determina o volume de emprego. O ponto de partida é o princípio da procura efetiva, que afirma que o emprego depende da soma dos gastos com o consumo e dos gastos com o investimento. O consumo depende do volume do rendimento líquido dos consumidores e da propensão a consumir, e o investimento depende da eficácia marginal do capital tomada juntamente com a taxa de juros” (DILLARD, p. 71)

“O princípio fundamental de Keynes de que o consumo cresce menos que o rendimento, quando este cresce, significa que a relação entre o acréscimo de consumo e o acréscimo de rendimento é sempre menos que um, isto é, ΔY é sempre maior que ΔC. (...) A propensão marginal a consumir não só será menor que a propensão média a consumir em qualquer ponto dado, mas também provavelmente descerá à medida que a renda se eleve, porque uma comunidade tenderá a consumir uma porcentagem menor de cada aditamento à sua renda” (p. 72-73)

“A grande importância prática do multiplicador surge em relação com a preconização por Keynes do investimento público e outras formas de gasto estatal como fonte de procura efetiva em períodos em que a empresa privada não proporciona suficiente investimento para promover o emprego total da mão de obra e outros fatores de produção” (Dillard, p. 72)

CHICK, cap 6, p. 111-28
 “Os produtores de bens de capital estão antes na posição de tentar adivinhar as expectativas de longo prazo de seus clientes, para formar as suas próprias expectativas de curto prazo; a experiência recente pode não ser um bom guia” (p. 111) – não são um bom guia principalmente porque as expectativas dos empresários, clientes dos produtores de bens de K, podem se frustrar depois do período considerado na primeira decisão de investir. O volume de emprego pode diminuir ao invés de aumentar junto do incremento da produção e isso levará a um efeito negativo nos bens de K.
“A estrutura de Keynes se opõe à perspectiva dos clássicos ao dizer que, na verdade, a renda fornece os meios, mas o desejo de gastas deve também estar presente: a demanda é composta de preferências (ou propensões), assim como uma restrição orçamentária – e a propensão a consumir não cresce pari passu com a capacidade de consumir. Isto é suficiente para liquidar “os clássicos”” (p. 121)

Capítulo 10: A Propensão Marginal a Consumir e o Multiplicador.

Depois de provar que o nível de emprego só pode aumentar com o investimento, Keynes avança na teoria e mostra o multiplicador que “estabelece uma relação precisa entre o emprego e o rendimento agregados e o fluxo de investimento” (p. 128).
O conceito de multiplicador foi proposto em 1931 por R.F. Kahn que disse que “se, em várias circunstâncias, a propensão a consumir (bem como algumas outras condições) for dada, e se supusermos que a autoridade monetária ou outra autoridade pública tomam medidas para estimular ou retardar o investimento, a variação do volume de emprego será a função da variação líquida do montante do investimento” (p. 128)
O rendimento real aumenta de acordo com o volume de emprego utilizado na produção. Sendo assim, Keynes reconsidera a lei psicológica normal e define como propensão marginal a consumir como a variação do consumo medido em unidades de salário (Cw) sobre a renda, na mesma medida (Yw): dCw/dYw. “Esta quantidade assume considerável importância por nos dizer de que maneira o próximo incremento da produção se repartirá entre o consumo e o investimento.” (p. 129)
ΔYw = ΔCw + ΔIw  =>  ΔYw = kΔIw em que I – (I/k)
k = multiplicador de investimento: “Ele indica-nos que, quando há um acréscimo no investimento agregado, o rendimento se eleva num montante igual a k vezes o acrescimento de investimento” (p. 130)
“Um incremento do investimento medido em unidades de salário só pode ocorrer se o público estiver disposto a aumentar a sua poupança medida nas mesmas unidades” (p. 131)
“O multiplicador diz em que proporção terá de aumentar o emprego para provocar um acréscimo no rendimento real suficiente para induzir o público a realizar uma poupança adicional, e é função das suas propensões psicológicas” (p. 132)
Fatores que poderão fazer variar a propensão marginal a consumir:
I) “por efeito dos rendimentos decrescentes, o aumento do emprego tende, no curto prazo, a aumentar a proporção do rendimento agregado destinada aos empresários, cuja propensão marginal a consumir é, provavelmente, inferior à média para o conjunto da comunidade” (p. 134)
 II) “o desemprego tende geralmente a andar associado a uma poupança negativa em certos sectores privados ou públicos, porque os desempregados podem estar a vier quer das suas economias pessoais quer das dos amigos, ou ainda do auxílio público parcialmente financiado por empréstimos” (p. 134)
III) Outro ponto que Keynes cita antes dessas duas considerações é o fato de o que quando o emprego aumenta, quando o rendimento real cresce a quantidade da renda consumida diminui;
“Quando existe desemprego involuntário, a desutilidade marginal do trabalho é, necessariamente, inferior à utilidade do produto marginal” (p. 141)
“Se o Tesouro se pudesse a encher garrafas usadas com notas de banco, as enterrasse a uma profundidade adequada em minas de carvão abandonadas que fossem cobertas com lixos urbanos e deixasse à iniciativa privada, de acordo com os bem experimentados princípios do laissez-faire, a tarefa de desenterrar novamente as notas (sendo que, claro, o direito de o fazer ficaria sujeito à obtenção de concessões sobre o terreno onde estão enterradas), o desemprego poderia desaparecer e, por efeito das repercussões do processo, é provável que o rendimento real da comunidade, bem como sua riqueza em capital, fossem sensivelmente mais altas do que, na realidade, o são. Claro está que seria mais ajuizado construir casas ou algo semelhante; mas se a isto se opõem dificuldades políticas e práticas, o recurso citado não deixa de ser preferível a nada.” (p. 142) – essa citação mostra a máxima da ideologia de Keynes que o Estado deve abrir buracos e depois tapá-los para movimentar a economia?
O efeito do multiplicador vai perdendo força porque o aumento do consumo não tem a mesma proporção do aumento da renda.

Livro IV: O incentivo para investir
Capítulo 11: A Eficiência Marginal do Capital
 Quando alguém adquire um bem, adquire o direito sobre a série de rendimentos prospectivos (expectativa) que espera obter com a venda da produção. Esses rendimentos consideram o preço de oferta do bem de capital (preço corrente) que é o preço suficiente para induzir um empresário a produzir uma nova unidade suplementar desse capital, o que chama-se de custo de reposição; A relação entre esses dois fatores (rendimentos prospectivos e preço de oferta) resulta na EMgK. “Mais precisamente, defino a eficiência marginal do capital como sendo a taxa de desconto que faria com que o valor presente da série de anuidades dadas pelos rendimentos esperados desse capital durante toda sua existência fosse exatamente igual ao seu preço de oferta” (p. 147) A mais elevada das eficiências é considerada a “EMgK geral”.
¿Os setores de bem de K consideram os rendimentos prospectivos dos empresários usuários de suas máquinas para estipular o preço do bem? Sim.
Quando há muitos investimentos num mesmo setor, EMgK tende a diminuir porque a oferta nesse setor aumenta muito diminuindo a expectativa de rendimento e também porque a pressão da demanda pelos bens de K desse setor faz com que aumente o seu preço.
Como cada tipo de capital tem sua EMgK, o agregado de todas essas curvas de modo que se relacione a taxa de investimento agregado com a correspondente EMgK resulta na curva da EMgK. A tendência é que o fluxo de investimento aumente até que EMgK=i. “Por outras palavras, o investimento vai variar até àquele ponto da curva de procura de investimento em que a eficiência marginal do capital em geral é igual à taxa de juro do mercado” (p. 148).  Sendo assim, só há investimento quando EMgK > i !
 “A expectativa de uma baixa no valor da moeda estimula o investimento e, consequentemente, o emprego em geral, porque eleva a curva de eficiência marginal do capital, isto é, a curva da procura de investimentos; em contrapartida, a expectativa de uma subida do valor da moeda produz um efeito depressivo, porque faz descer a curva da eficiência marginal do capital” (p. 152-3)
“A expectativa da elevação dos preços tem um efeito estimulante não porque faça subir a taxa de juros (...), mas porque eleva a eficiência marginal de determinado volume de capital.” (p. 153)
“Convém notar que a expectativa de uma queda futura na taxa de juro terá por efeito fazer baixar a curva da eficiência marginal do capital, pois significa que a produção resultante do equipamento produzido hoje terá de competir, durante parte da sua vida, com a produção proveniente de equipamentos a que bastará uma retribuição menor” (p. 154)
Riscos que afetam o volume do investimento:
i)                    Risco do empresário ou mutuário e surge das dúvidas que o mesmo tem quanto à probabilidade de obter efetivamente a retribuição prospectiva que espera. Quando alguém arrisca o próprio dinheiro, esse é o único risco que é pertinente.” (p. 154);
ii)                  Risco do mutuante: “Este pode dever-se ou a um risco moral, isto é, um inadimplemento voluntário ou qualquer outro meio, eventualmente lícito, de fugir do cumprimento da obrigação, ou à possível insuficiência da margem de segurança, isto é, um não cumprimento involuntário causado por uma expectativa malograda.” (p. 155)
iii)                Variação desfavorável do valor do padrão monetário que, dado o grau de depreciação, torne o empréstimo em dinheiro menos seguro do que um ativo real – mas esse risco deve ser previsto e absorvido antes;

ANOTAÇÃO DE AULA – 4/4/12
A decisão de investimento passa por um custo de investimento, que é o que Keynes chama de preço de oferta de bens de capital. O capitalista precisa avaliar, a valores reais, se o investimento compensará comparando a taxa de rentabilidade esperada desse investimento, que é a Eficiência Marginal do Capital (EMgK), com a taxa de juros (i) que é a rentabilidade esperada de uma outra aplicação não produtiva.
(Relação de Causalidade:) Aumentos do investimento fazem a EMgK cair, por conta da concorrência. Quando se pensa no fluxo de renda esperado é preciso considerar a concorrência existente que irá afertar o fluxo de renda esperado, portanto tem um efeito a longo prazo que é a queda da EMgK. No curto prazo o aumento do investimento gera aumento no preço de oferta do bem de K.
(RC) Caso a taxa de juros caia, o investimento será adiado porque os próximos investidores terão uma rentabilidade mais baixa e consequentemente oferecerão produtos a preços menores.

Capítulo 12: O Estado da Expectativa a Longo Prazo
O capítulo examina quais são os fatores que determinam os rendimentos prospectivos de um ativo. As expectativas de rendimentos se baseiam em fatos existente (estoque acumulado e procura atual, p.e.) e fatos futuros que podem ser previstos com um certo grau de confiança (futuras variações dos estoques e das preferências dos consumidores, intensidade produtiva do investimento e as variações do salário, p.e.). O estado da perspectiva psicológica do segundo fator é o que Keynes chama de estado da expectativa a longo prazo.
“o nosso método habitual consiste em tomar a situação actual e projectá-la para no futuro, modificando-a apenas na medida em que tenhamos razões mais ou menos precisas para esperarmos uma alteração” (p. 158)
O estado da expectativa a longo prazo depende também da confiança com que é feita o prognóstico, ou seja, “da maior ou menor convicção com que encaramos a eventualidade de o nosso melhor prognóstico se revelar rendondamente falso” (p. 158) – também chamado de estado de confiança. Sua importância está no fato de que ele afeta a curva da EMgK.
Convenção: “A essência desta convenção (...) reside em pressupor que o estado de coisas existentes continuará por tempo indefinido, a não ser que tenhamos razões específicas para esperar uma mudança” (p. 161)
Fatores que agravam a precariedade da convenção:
i)                    O controle do investimento nas mãos de quem não têm conhecimento especial pode contribuir para uma queda da confiança na convenção;
ii)                  Flutuações cotidianas dos lucros dos investimentos existentes por conta de sazonalidades ou eventos especiais;
iii)                É preciso estabilidade para as convenções, sendo assim uma convenção baseada numa massa de ignorantes pode ser prejudicial;
iv)                Investimentos feitos por profissionais que antecipam “o que a opinião geral espera que seja a opinião geral” (p. 165).
v)                  Grau de de confiança que as instituições de crédito concedem às pessoas que lhes pedem empréstimos, também chamado de grau de crédito.
Especulação é a “atividade que consiste em prever a psicologia do mercado” e a medida que progride a organização dos mercados de investimento, aumenta o risco de um predomínio da especulação.
“Na maior parte dos casos, provavelmente, quando decidimos fazer algo positivo cujas consequências finais só produzem os seus efeitos passado muito tempo, só o fazemos impelidos pelos espíritos animais – por um impulso espontâneo para agir, em vez de não fazer nada –, e não em consequência de uma média ponderada de benefícios quantitativos multiplicados pelas respectivas probabilidades quantitativas” (p. 169)
“Só estamos a lembrar que as decisões humanas que afetam o futuro, sejam elas pessoais, políticas ou econômicas, não podem depender da estrita esperança matemática, uma vez que as bases para realizar semelhantes cálculos não existem e que o nosso impulso inato para a atividade [e que faz girar a máquina; quanto à nossa faceta racional, envida os melhores esforços para escolher entre as diversas alternativas, calculando sempre que pode, mas cedendo muitas vezes aos impulsos do capricho, do sentimento e da sorte” (p. 170)

ANOTAÇÃO DE AULA – 11/4/12
O agente capitalista deve fazer previsões e montar prognósticos sobre o que ele acha que vai acontecer. O presente tem um grande peso nas expectativas de longo prazo. Mesmo com os conhecimentos e com a previsão melhor para o longo prazo é preciso ainda considerar o grau de confiança dos prognósticos feitos – o que Keynes chama de estado de confiança.
Por conta dessa dificuldade de decisões e previsões concretas, os agentes acabam desenvolvendo técnicas que procuram minorizar a precariedade das decisões. Keynes diz em um texto de 1937 que os agentes adoram convenções (comportamentos convencionais) que representam uma continuidade do presente no futuro a não ser que surja algum elemento que preveja mudanças. Outro ponto desse comportamento é a consideração das ações dos outros agentes desse mercado.
Uma preocupação de Keynes é sobre o comércio de ações/títulos e a forma como isso afeta os novos investimentos. A negociação de investimentos velhos acabam agravando as precariedades das decisões. Um ponto considerado é que podem haver agentes investidores mal informados com variáveis erradas e fazem “investimentos errados” e aumentam ainda mais as incertezas desse mercado. Do outro lado, os investidores profissionais – que estão muito presos aos resultados de curto prazo porque não conseguem se financiar a longo prazo – estão de olho na valorização dos ativos para vender mais caro as ações se antecipando aos movimentos de compra e venda. Isso gera especulações (Keynes usa a metáfora do concurso de beleza que fala que todos os indivíduos irão votar na candidata que acham que a maioria achará a mais bonita e não naquela que o indivíduo acha a mais bonita).
Diferença de especulação e arbitragem é que o segundo se trabalha com preços e resultados já conhecidos.
Movimento de negociação gera liquidez e traz agentes ao mercado, mas gera instabilidade e especulação.
“O mundo ideal para Keynes seria um mar de investimentos com poucas gotas de especulação” Ana Rosa

Capítulo 13: A Teoria Geral da Taxa de Juro
“Pode-se dizer que a curva da EMgK rege as condições em que se procuram fundos disponíveis para novos investimentos, enquanto a taxa de juro governa os termos em que esses fundos são correntemente disponibilizados” (p. 173)
As preferências psicológicas requerem a propensão marginal a consumir e a forma que o agente conservará o direito sobre o consumo futuro que reservou. A discussão sobre a forma de conservação desse direito considera a preferência pela liquidez: “é dada por uma curva que representa o montante dos seus recursos, medidos em termos monetários ou em unidades de salário, que deseja conservar sob a forma de moeda em diferentes circunstâncias?” (p. 174)
“Com efeito, em si, a taxa de juro mais não é do que o inverso da relação existente entre uma soma de dinheiro e o que se pode obter desistindo do controlo sobre esse dinheiro em troca de uma dívida, por um prazo determinado (...) (é) a recompensa da renúncia à liquidez (...) É o preço que estabelece o equilíbrio entre o desejo de manter a riqueza em forma líquida e a quantidade de moeda disponível” (p. 174-5)
“A preferência pela liquidez é uma potencialidade ou tendência funcional que fixa a quantidade de moeda que o público deterá quando a taxa de juro é dada” (p. 175)
A incerteza quanto ao futuro da taxa de juro é a condição necessário para que haja preferência pela liquidez.
Motivações: transação, precaução e especulação. Depois das críticas feitas à sua obra, Keynes acrescenta um quarto motivo, que é o finnance que abrange a demanda de dinheiro para os primeiros investimentos produtivos.
“Regra geral, podemos supor que a curva da preferência pela liquidez que relaciona a quantidade de moeda com a taxa de juro é uma curva contínua ao longo da qual a taxa decresce à medida que a quantidade de moeda aumenta.” (p. 178) Causas que contribuem para esse quadro: (i) a queda da taxa de juros pode significar um aumento da absorção de moeda pelo motivo transação, uma vez que não ocorre tantas perdas com juros; (ii) queda da taxa de juros pode fazer aumentar a quantidade de moeda conservada por conta das suas expectativas de futuro aumento dessa taxa. Um grande acréscimo de dinheiro pode aumentar a incerteza e isso aumenta a força do motivo precaução;
“É interessante observar como a estabilidade do sistema e a sua sensibilidade às variações da quantidade de moeda dependem a tal pondo da existência de uma diversidade de opiniões sobre o que é incerto” (p. 179)
“Contudo, se estivermos tentados a afirmar que a moeda é a bebida que estimula a atividade do sistema, não nos esqueçamos de que, enquanto se bebe e não bebe, podem surgir muitos percalços no caminho. Embora seja de esperar que, coeteris paribus, um aumento da quantidade de moeda reduza a taxa de juro, tal não ocorrerá se a preferência do público pela liquidez subir mais do que a quantidade de moeda; e, embora se possa esperar que, coeteris paribus, uma baixa da taxa de juro estimule o fluxo de investimento, tal não acontecerá se a escala da eficiência marginal do capital descer mais rapidamente que a taxa de juros; e, embora se possa esperar que, coeteris paribus, um aumento do fluxo de investimento faça aumentar o emprego, tal não ocorrerá se a propensão a consumir estiver a cair.” (p. 179 – 180)

Capítulo 14: A Teoria Clássica da Taxa de Juro
A tradição clássica considera a taxa de juro o “fator que leva ao equilíbrio entre a procura de investimentos e a disponibilidade para poupar” (p. 182) A poupança é a oferta de recursos e o investimento é a demanda por recursos, sendo assim a taxa de juro é o fator que torna os dois fatores iguais. Essa taxa é ficada no ponto em que ocorre essa igualdade.

Capítulo 15: Os Factores Psicológicos e Empresariais que incentivam a liquidez
“A velocidade-rendimento da moeda mede simplesmente a proporção de rendimento que o público deseja conservar sob forma líquida, de tal modo que um seu aumento pode ser sintoma de uma redução da preferência pela liquidez.” (p. 199)
A procura pela moeda não é proporcional ao rendimento.
Motivo de transação para preferência pela liquidez pode se dividir em motivação do rendimento e motivação dos negócios. A força dos motivos transação e precaução depende, em parte, do custo e da segurança para se obter dinheiro emprestado, ou seja, é também depende do sistema bancário. Sistemas financeiros organizados e acessíveis diminuem a força da motivação pela preferencia por liquidez. Além disso, bens lucrativos também diminuem as motivações para a liquidez.
Já a motivação da especulação é especialmente importante porque transmite os efeitos da variação na quantidade de moeda. “É pela sua influência sobre a motivação especulativa que a gestão da moeda faz sentir os seus efeitos sobre o sistema econômico” (p. 201). Essa variação da moeda varia de modo contínuo sob o efeito da alteração da taxa de juro – Keynes se refere à curva que relaciona a oferta de moeda e a taxa de juro.
- quanto maior for a quantidade de recursos líquidos que os bancos desejam criar (ou cancelar) pela compra (ou venda) de obrigações e divisas, maior deverá ser a subida (ou decida) da taxa de juro – tudo isso operando no mercado aberto (open Market). As operações nesse mercado podem influir sobre a taxa de juros por meio da oferta de moeda ou devido às mudanças de expectativas.
Se M é ouro ou papel moeda emitido para cobrir despesas, ΔM representa ΔY com mesmo sinal. ΔM provoca Δi porque M1 não absorve todo o dinheiro e há uma migração para M2 o que gera aumento do preço dos títulos. Quando há, no final do processo a Δi, o sistema se equilibra.
“É pois evidente que a taxa de juro é um fenômeno altamente psicológico” (p. 206) Ela é, acima disso, convencional: “seu valor efetivo é em grande medida governado pela opinião prevalecente quanto ao que se espera que seja o seu valor” (p. 207).
Para cada quantidade de moeda lançada pela autoridade monetária haverá uma determinada taxa de juros.

ANOTAÇÃO DE AULA – 13/4/12 (Capítulos 13 e 15)
Para Keynes a taxa de juros (i) é determinada no mercado monetário, é um preço monetário e isso quebra com a dicotomia clássica que diz que mercado monetário não influencia os preços dos bens.
A preferência pela liquidez está diretamente associada à demanda da moeda. O custo central na determinação da taxa de juro são os capitalistas, detentores da riqueza que têm em mente a valorização da sua riqueza. Por quê? Por que serão esses detentores de riqueza que farão os investimentos produtivos e aplicações, o que influenciará a EMgK por meio dos preços dos bens de K e a taxa de juro por meio dos preços dos títulos comercializados no mercado aberto.
Os capitalistas têm duas possibilidades: títulos ou moedas. O que os atrais para os títulos é a rentabilidade, suas taxas de juros; já a moeda reserva de valor o que serve de atrativo é a liquidez (dicotomia entre juros e liquidez); O que justifica a preferência pela liquidez é a incerteza dos rendimentos dos investimentos. A taxa de juros é o que concilia a oferta de moeda (compra de títulos e outros ativos) e a demanda de moeda (preferência pela liquidez).
Um dos motivos que levam os agentes a demandarem moeda é a especulação, movida pelas expectativas dos agentes quanto aos movimentos da taxa de juros:
(RC) Se os especuladores acham que a taxa de juros do mercado (im) está menor que o valor que eles consideram “normal” (in), o agente acredita que ela irá subir, por isso preferem a liquidez para comprar títulos no futuro; in>im então im sobe

(RC) Se os especuladores acham que a taxa do mercado está maior que aquela que eles consideram normal, portanto haverá queda da taxa de juros , por isso eles preferem os títulos para não perder rentabilidade e porque os preços irão subir; in<im então im desce
(RC) Quando o preço dos títulos (p) caem, a taxa de juros aumenta. P- = i+ (baixistas, bears)
(RC) Quando o preço dos títulos (p) sobem, a taxa de juros caem. P+ = i- (altistas, bulls)
Se a taxa de juros sobe (i+), significa que o preço do título cai (P-) porque um aumento na taxa de juros implica em uma queda no preço presente do título (pp) e um consequente maior rendimento quando comparado com o preço futuro (pf).

As motivações para preferência pela liquidez transação e precaução (M1) são sensíveis à renda L1(Y) e a especulação (M2) é sensível à taxa de juro L2(i). Portanto M1 + M2 = L1(Y) + L2(i).

ANOTAÇÃO DE AULA – 20/4/12 (Capítulo 15)
M = M1 + M2 = L1(Y) + L2(i).

A variação da moeda depende ou do aumento da renda ou do mercado aberto. Por exemplo:

(RC) Um aumento da moeda para salário públicos aumenta a renda e a liquidez por motivos de transação (L1). Como o sistema não consegue abraçar todo o aumento de moeda apenas em M1, então há uma migração para o mercado financeiro que gera aumento de preço dos títulos, queda da taxa de juros, aumento no investimento, aumento na renda  a aumento em L1.
+M = +M2 = +P = –i = +I = +Y = +L1

ANOTAÇÃO DE AULA – 25/4/12 (Capítulo 15)

A taxa de juros é um fenômeno psicológico porque depende da interpretação que os agentes têm da realidade. Ponto importante na discussão dos comportamentos convencionais. Keynes admite que a EMgK é flutuante e a taxa de juros convencional e resistente à quedas.

Capítulo 17: As propriedades essenciais do juro e da moeda
“Há três atributos que os diversos tipos de activos possuem em graus diferentes, nomeadamente:
i)                    (...) Alguns ativos originam um rendimento ou produção q, medido em termos dos próprios activos, ao contribuírem para um processo de produção ou ao prestarem serviços a um consumidor.
ii)                  (...) [Há] custo de manutenção c medido em termos dos próprios ativos.
iii)                (...) Chamaremos prêmio de liquidez l de certo ativo montante (medido em termos do próprio ativo) que as pessoas estão dispostas a pagar pela comodidade ou segurança potenciais proporcionadas pelo poder de dispor dele.” (p. 225)
iv)                Outro atributo que Keynes apresente é o da capacidade de valorização (ou depreciação)
“Daqui se segue que a retribuição total que se espera da propriedade de um activo, durante certo período, é igual ao seu rendimento menos o seu custo de manutenção mais o seu prêmio de liquidez, ou seja, a q – c + l. Por outras palavras, q – c + l, em que q, c  e l são medidos em unidades do próprio ativo,  é a taxa de juro específica de qualquer ativo” (p. 225-6)
“A característica da moeda é ter um rendimento nulo, um custo de manutenção insignificante, mas um prêmio de liquidez substancial. Na verdade, as diferentes mercadorias podem ter graus diferentes de premio de liquidez e a moeda pode incorrer em certos custos de manutenção, por exemplo, os de guarda.” (p. 226)
“Os ativos cujo preço normal de oferta for inferior ao preço de procura serão objeto de nova produção, e esses serão os ativos que (com base no seu preço normal de oferta) têm uma eficiência marginal superior à taxa de juro (sendo ambas as quantidades medidas pelo mesmo padrão de valor, qualquer que seja). À medida que se expande o estoque de ativos cuja eficiência marginal, ao princípio, era pelo menos igual à taxa de juro, essa eficiência marginal tende a baixar (...). Chegará então um momento em que deixará de ser vantajoso continuar a produzi-los, a menos que a taxa de juro desça pari passu. Quando não houver nenhum ativo cuja eficiência marginal alcance a taxa de juro, a produção de novos bens de capital deter-se-á” (p. 227)
Características apresentadas por Keynes para que a moeda e a taxa monetária serem referência no sistema:
i)                    Elasticidade de produção: “tanto a longo como a curto prazo, a moeda (tem) uma elasticidade de produção igual a zero, ou pelo menos muito reduzida, na medida em que se atenda apenas ao potencial da empresa privada enquanto coisa distinta da autoridade monetária – entendendo-se por elasticidade de produção neste sentido a resposta do volume de mão-de-obra mobilizada para a produção da moeda em face de um aumento da quantidade de trabalho que uma unidade da mesma dá direito a comprar” (p. 229)
ii)                  Elasticidade de substituição: “A segunda differentia da moeda é que ela tem uma elasticidade de substituição igual, ou quase igual, a zero, o que significa que, quando o seu valor de troca sobe, não surge nenhuma tendência para a substituir por outro fator, a não ser talvez numa proporção ínfima, nos casos em que a moeda-mercadoria é também usada na indústria ou nas artes.” (p. 230)
“o desemprego se desenvolve porque as pessoas querem a lua – os homens não conseguem emprego quando o objetivo dos seus desejos (isto é, o dinheiro) é uma coisa que não se produz e cuja procura não pode ser facilmente restringida. Não há outro remédio senão persuadir o público de que a lua e o requeijão são praticamente a mesma coisa, e pôr a trabalhar uma fábrica de requeijão (isto é, um banco central) sob o controle do poder público” (p. 233) – esta é a passagem em que Keynes o porquê do desemprego quando há insuficiência de demanda agregada!
“A nossa conclusão pode ser enunciada na forma mais geral (tomando a propensão a consumir como dada) da seguinte maneira. O fluxo de investimento não pode continuar a expandir-se quando a mais alta das taxas de juros específicas de todos os bens disponíveis, medidas por certo padrão, é igual à mais alta das eficiências marginais de todos os bens, medidas pelo mesmo padrão” (p. 234) – Ou seja, se i > EMgK então não há investimento!

Capítulo 18: Reformulação da Teoria Geral do Emprego
São dados: qualificação e quantidade de mão-de-obra disponível, qualidade e quantidade do equipamento disponível, a técnica existente, o grau de concorrência, as preferências dos consumidores, a desutilidade das diferentes intensidades de trabalho e das atividades de supervisão e organização, bem como a estrutura social.
Variáveis independentes: propensão a consumir, a curva de eficiência marginal do capital e a taxa de juro (p. 241);
Variáveis dependentes: “volume do emprego e o rendimento nacional (ou dividendo nacional) medidos em unidades de salário” (p. 241).
“os fatores dados permitem-nos inferir qual o montante do rendimento nacional, medido em unidades de salário, que corresponderá a qualquer volume de emprego, de maneira que, dentro da estrutura econômica que tomamos como dada, o rendimento nacional depende do volume de emprego, isto é, da quantidade de esforço atualmente consagrado à produção, no sentido de que há uma correlação unívoca entre os dois” (p. 242)
Determinantes do fluxo de investimento
EMgK – Rendimento prospectivo dos bens de K e condições físicas da indústria
i – estado de preferência pela liquidez e quantidade de moeda
“A curva de eficiência marginal do capital depende, (...) em parte, dos fatores dados e, em parte, do rendimento prospectivo dos bens de capital de diferentes espécies, ao passo que a taxa de juro é parcialmente regida pelo estado da preferência pela liquidez e também pela quantidade de moeda medida em unidades de salário” (p. 242)





“as condições físicas da oferta nas indústrias de bens de capital, o estado da confiança quanto ao rendimento prospectivo, a atitude psicológica para com a liquidez e a quantidade de moeda (calculada de preferência em termos de unidades de salário) determinam, em conjunto, o fluxo de novos investimentos.” (p. 243)
“as variações do fluxo de consumo são, em geral, na mesma direção (embora de grandeza menor) que as variações do fluxo de rendimento. A relação entre um incremento do consumo que deve acompanhar um incremento da poupança é determinada pela propensão marginal a consumir. A relação, assim determinada, entre um incremento do investimento e o incremento correspondente do rendimento agregado, ambos medidos em unidades de salário, é dada pelo multiplicador de investimentos.” (p. 244)
“há três maneiras pelas quais pode aumentar a procura da moeda, a saber: pelo fato de o valor da produção subir quando o emprego aumenta, mesmo que a unidade de salário e os preços (em unidades de salário) não mudem; pelo fato de a própria unidade de salário tender a subir à medida que o emprego melhora; e pelo fato de o aumento da produção ser acompanhado por uma subida de preços (em termos da unidade de salário), devida ao aumento dos custos no curto prazo.” (p. 244)

ANOTAÇÃO DE AULA – 5/5/12 (Capítulo 15)

Segundo Keynes, variáveis nominais podem afetar as reais diferente da dicotomia clássica de que a moeda não afeta o mercado de trabalho e a renda. No capítulo 17, Keynes pretende entender a teoria da preferência pela liquidez a partir de uma teoria da precificação dos títulos.

Como entender PL por precificação de títulos? A partir da análise dos atributos dos ativos (liquidez, custo de manutenção, rentabilidade e valorização), Keynes argumenta que a taxa de juros monetária é melhor referência por ser a mais líquida de todas e a menos sensível à variações do cenário econômico. Essa baixa sensibilidade da moeda está ligada à suas baixas elasticidades de produção e de substituição. O que liga esses pontos é a forma como os agentes avaliam os títulos para fazer seus investimentos e comparam a eficiência marginal do capital com a taxa de juros – é por esse motivo que Keynes menciona que os determinantes para o fluxo de investimento são características tanto da EMgK – como as capacidade física das indústrias e suas tecnologias e também a confiança nas prospecções dos rendimentos do investimento produtivo, ou seja, confiança nas previsões do quanto o empresário esperar faturar com sua decisão de investimento presente – como da taxa de juros – principalmente pelo estado de preferência pela liquidez e a quantidade de moeda.

As decisões são todas permeadas pela liquidez porque ela é a segurança no futuro incerto.

+M = -i se a preferência pela liquidez se mantiver: essa é uma relação importante contida na passagem em que Keynes diz que a moeda é o líquido e pode haver uma distância entre a taça e os lábios, a mudança da preferência pela liquidez quando ocorre um aumento de moeda é justamente essa distância comentada por ele, uma vez que pode ocorrer variação da moeda com a finalidade de regular o sistema, mas não surtir efeito nenhum se os agentes preferirem ainda mais a liquidez uma vez que agindo dessa forma a taxa de juros não irá variar e não causará variação o fluxo de investimento. Uma variação no dinheiro por meio de compra ou venda de títulos incentiva ou reprime a compra de títulos a partir das variações nos preços dos ativos. Além disso, pode ocorrer uma queda na EMgK, queda da propensão marginal a consumir...

Como a taxa de juros monetária é a referência, ela pode ser também um entrave, uma vez que as rentabilidades de outros ativos fiquem abaixo da taxa de juros monetária não haverá produção porque os agentes preferirão a liquidez. Então pode-se explicar a existência de desemprego involuntário simplesmente pelo fato de que nem todos as EMgKs são iguais ou superiores à taxa de juros, isso faz com que o empresário que deveria ser investir produtivamente prefira outros ativos não produtivos. Essa é a principal diferença entre Keynes e os clássicos uma vez que eles propunham que todo o dinheiro na economia era usado em investimentos que geravam renda e emprego, além do que eles adotavam o dinheiro como mero meio de troca. Já Keynes prova que a moeda tem mais um atributo: reserva de valor. Os clássicos apenas consideravam as funções meio de troca e equivalente geral.
Para Keynes, as economias capitalistas são muito suscetíveis à flutuações, mas não são instáveis porque a PMgK tem um multiplicador maior que um, mas não tão grande a ponto de variações dos gastos autônomos terem grandes efeitos na renda e no emprego e os investimentos são sensíveis à taxa de juro de forma proporcional. Além disso um aumento de emprego não registra um aumento exorbitante dos salários.

Capítulo 24: Notas finais sobre a filosofia social a que poderia levar a teoria geral
“Os defeitos flagrantes da sociedade econômica em que vivemos são sua incapacidade para proporcionar o pleno emprego e a sua arbitrária e não equitativa repartição da riqueza e dos rendimentos” (p. 355)
“a magnitude da poupança efetiva é necessariamente determinada pela escala do investimento, e que esta escala é promovida por uma taxa de juro baixa, desde que não tentemos estimulá-la por essa via para além do nível que corresponde ao pleno emprego.” (p. 357)
¿Quando ocorre a insuficiência da demanda agregada por conta de aplicações que não geram emprego e renda por parte do empresário, pode-se dizer que esse empresário está adotando posturas de um rentier, um investidor sem função, como Keynes criticou no capítulo 24?
“O Estado deverá exercer uma influência orientadora sobre a propensão a consumir, em parte através do sistema de tributação, em parte por meio da fixação da taxa de juro e, em parte, eventualmente, por outros meios.” (p. 360)
“Até hoje, o crescimento da riqueza mundial tem sido menor do que o volume agregado das poupanças individuais, e a diferença corresponde às perdas sofridas por aqueles cuja coragem e iniciativa não foram acompanhadas por uma habilidade excepcional ou por uma sorte fora do comum” (p. 362)
“Os homens práticos que se julgam livres de qualquer influência intelectual são habitualmente escravos de algum economista morto. Os desvairados que ocupam posições de autoridade, que ouvem vozes a pairar no ar, destilam os seus frenesis dos escritos deixados por algum escriba acadêmico uns anos antes.” (p. 364)

Seminário Vertelli – 18/05/2012

Não se consegue determinar a taxa de juros simplesmente olhando o lado da oferta, tem que ser analisado o lado da demanda – que é o ponto de inovação de Keynes.
A preferência pela liquidez passa a ser acomodada a um taxa de juros mais baixo.
Os agentes preferem a liquidez por causa da incerteza.
Um investidor pode ser um especulador ao investir na capacidade produtiva

Um investidor inovador é um especulador?

Consumo para Keynes é um gasto subordinado e investimento é o central. O central em investimento é a decisão de investimento porque é dai que gera a renda e o emprego. Investimento é autônomo, independente da renda. É preciso considerar o cenário onde o investimento é tomado e os desdobramentos desse investimento. É na hora da decisão que as coisas acontecem.
Taxa de juros é referência de aplicação e não custo de investimento.

¿É possível explicar a determinação do emprego pela oferta de moeda?
O mercado mais importante é o monetário que é onde se dá a determinação da taxa de juros que serve de referência para os investimentos que gerarão renda e emprego.

!Fazer um levantamento das principais relações de causalidade passadas durante a aula!


REVISÃO DE PROVA – 23/05/12

Item 5 do capítulo 13
Propensão a entesourar não significa entesouramento, se assemelha com a preferência pela liquidez. A precificação da propensão a entesourar se refere à preferência pela moeda.

Estado de expectativa de longo prazo.

O fato de existir moeda explica a insuficiência de demanda efetiva, porque a preferência pela liquidez não gera emprego e renda.

ΔY = ΔI + ΔC sendo ΔC = ΔY.c em que c é a propensão a consumir.
Substituindo, temos ΔY = ΔI + ΔY.c   > ΔY - ΔY.c = ΔI  >  ΔY (1 – c) = ΔI
Portanto ΔY = ΔI . [1 / (1 – c)]
k = [1 / (1 – c)] é o multiplicador.










Relações de causalidade

·         Aumentos do investimento fazem a EMgK cair, por conta da concorrência. Quando se pensa no fluxo de renda esperado é preciso considerar a concorrência existente que irá afertar o fluxo de renda esperado, portanto tem um efeito a longo prazo que é a queda da EMgK. No curto prazo o aumento do investimento gera aumento no preço de oferta do bem de K.

·         Caso a taxa de juros caia, o investimento será adiado porque os próximos investidores terão uma rentabilidade mais baixa e consequentemente oferecerão produtos a preços menores.

·         Se os especuladores acham que a taxa de juros do mercado (im) está menor que o valor que eles consideram “normal” (in), o agente acredita que ela irá subir, por isso preferem a liquidez para comprar títulos no futuro; in>im então im sobe

·         Se os especuladores acham que a taxa do mercado está maior que aquela que eles consideram normal, portanto haverá queda da taxa de juros , por isso eles preferem os títulos para não perder rentabilidade e porque os preços irão subir; in<im então im desce

·         Quando o preço dos títulos (p) caem, a taxa de juros aumenta. P- = i+ (baixistas, bears)

·         Quando o preço dos títulos (p) sobem, a taxa de juros caem. P+ = i- (altistas, bulls)

·         Um aumento da moeda para salário públicos aumenta a renda e a liquidez por motivos de transação (L1). Como o sistema não consegue abraçar todo o aumento de moeda apenas em M1, então há uma migração para o mercado financeiro que gera aumento de preço dos títulos, queda da taxa de juros, aumento no .investimento, aumento na renda  a aumento em L1.
                +M = +M2 = +P = –i = +I = +Y = +L1

·         +i = -I

·         +M = -i se a preferência pela liquidez se mantiver




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