quinta-feira, 30 de maio de 2013

Ricardo: a teoria do valor e da distribuição

RICARDO, D. (1815) Ensaio sobre a influência do baixo preço do cereal sobre os lucros do capital. In NAPOLEONI, C. Smith, Rocardo e Marx. Rio de Janeiro: Ed Graal, 1978.

Ricardo propõe a discutir os princípios que regulam o aumento e a diminuição da renda fundiária, ou seja, a tese de Ricardo é que há terras com produtividades diferentes e, como ele diz logo no primeiro parágrafo do artigo, “esta (a renda fundiária) e os lucros encontram-se em íntima conexão entre si”.

“Para um período de certa duração, os lucros do capital agrícola podem manter-se a uma mesma taxa, já que pode haver abundância de terra igualmente fértil e igualmente bem situada e, portanto, suscetível de ser cultivada em condições igualmente vantajosas, em proporção ao aumento do capital do primeiro cultivador e dos seguintes” (p. 197)

Os lucros ainda podem aumentar: por conta de um aumento da população em ritmo maior que o aumento do capital, reduzindo assim os salários; por conta de melhoras na tecnologia que mantém os custos, mas aumentam a produção; o oposto é verdadeiro para esses casos e o lucro decairia se os salários aumentassem. São circunstâncias que atuam a todo momento, como diz Ricardo.

O autor considera a hipótese de aumento da população e o capital e consequentemente um aumento pela procura de alimentos. Considerando que as terras mais próximas e mais produtivas já tivessem sido utilizadas, os agricultores passariam a usar as terras “menos vantajosas”, como ele diz. Por serem mais distantes, precisariam aumentar a quantidade de homens que trabalham nessa lavoura, bem como de cavalos e outros itens necessários à locomoção desses produtos até o mercado. Esse aumento de capital faz com que a taxa natural de lucro caia para se manter o mesmo produto. Portanto, “ao passar a cultivar terras de pior qualidade (ou situadas mais desfavoravelmente), a renda subiria na terra previamente cultivada e precisamente na mesma extensão declinariam os lucros; e se o baixo nível dos lucros não detivesse sua acumulação, dificilmente haveria limites para a elevação da renda e a queda do lucro” (p. 200)

“Os lucros do capital diminuem simplesmente porque não se pode obter terra igualmente para produzir alimentos, e o grau de redução dos lucros e de elevação das rendas fundiárias depende integralmente do aumento nos gastos de produção” (p. 204)

O valor de troca de todas as mercadorias eleva-se à medida que aumentam as dificuldades em sua produção. “Onde quer que a concorrência possa atuar livremente e a produção de mercadorias não esteja limitada pela natureza, a dificuldade ou a facilidade de sua produção estabelecerá, em última instância, seu valor de troca” (p. 205)

“Os lucros gerais do capital dependem totalmente da última parcela do capital empregado na terra” (p. 207) – produtividade marginal.

“Uma nação é rica não em função da abundância de seu dinheiro e nem porque o valor monetário a que circulam suas mercadorias seja alto, mas sim em razão da abundância de mercadorias que contribuam para a comodidade e o bem-estar de seus habitantes”(p. 207)

Causas para a redução do valor de troca dos alimentos:
1)            Queda dos salários reais, que permite um excedente maior ao agricultor;
2)            Melhor tecnologia;
3)            Novos mercados para se importar cereais com preços menores ao custo de produção interno.

Um país pode beneficiar-se do comércio pelo aumento taxa geral de lucros ou pela abundância de mercadorias e da baixa de seus valores de troca.

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