RICARDO, D. (1815) Ensaio sobre a influência do baixo
preço do cereal sobre os lucros do capital. In NAPOLEONI, C. Smith, Rocardo e
Marx. Rio de Janeiro: Ed Graal, 1978.
Ricardo propõe a discutir os princípios
que regulam o aumento e a diminuição da renda fundiária, ou seja, a tese de
Ricardo é que há terras com produtividades diferentes e, como ele diz logo no
primeiro parágrafo do artigo, “esta (a renda fundiária) e os lucros
encontram-se em íntima conexão entre si”.
“Para um período de certa
duração, os lucros do capital agrícola podem manter-se a uma mesma taxa, já que
pode haver abundância de terra igualmente fértil e igualmente bem situada e,
portanto, suscetível de ser cultivada em condições igualmente vantajosas, em
proporção ao aumento do capital do primeiro cultivador e dos seguintes” (p.
197)
Os lucros ainda podem aumentar:
por conta de um aumento da população em ritmo maior que o aumento do capital,
reduzindo assim os salários; por conta de melhoras na tecnologia que mantém os
custos, mas aumentam a produção; o oposto é verdadeiro para esses casos e o
lucro decairia se os salários aumentassem. São circunstâncias que atuam a todo
momento, como diz Ricardo.
O autor considera a hipótese de
aumento da população e o capital e consequentemente um aumento pela procura de
alimentos. Considerando que as terras mais próximas e mais produtivas já
tivessem sido utilizadas, os agricultores passariam a usar as terras “menos
vantajosas”, como ele diz. Por serem mais distantes, precisariam aumentar a
quantidade de homens que trabalham nessa lavoura, bem como de cavalos e outros
itens necessários à locomoção desses produtos até o mercado. Esse aumento de
capital faz com que a taxa natural de lucro caia para se manter o mesmo
produto. Portanto, “ao passar a cultivar terras de pior qualidade (ou situadas
mais desfavoravelmente), a renda subiria na terra previamente cultivada e
precisamente na mesma extensão declinariam os lucros; e se o baixo nível dos
lucros não detivesse sua acumulação, dificilmente haveria limites para a
elevação da renda e a queda do lucro” (p. 200)
“Os lucros do capital diminuem
simplesmente porque não se pode obter terra igualmente para produzir alimentos,
e o grau de redução dos lucros e de elevação das rendas fundiárias depende
integralmente do aumento nos gastos de produção” (p. 204)
O valor de troca de todas as
mercadorias eleva-se à medida que aumentam as dificuldades em sua produção.
“Onde quer que a concorrência possa atuar livremente e a produção de
mercadorias não esteja limitada pela natureza, a dificuldade ou a facilidade de
sua produção estabelecerá, em última instância, seu valor de troca” (p. 205)
“Os lucros gerais do capital
dependem totalmente da última parcela do capital empregado na terra” (p. 207) –
produtividade marginal.
“Uma nação é rica não em função
da abundância de seu dinheiro e nem porque o valor monetário a que circulam
suas mercadorias seja alto, mas sim em razão da abundância de mercadorias que
contribuam para a comodidade e o bem-estar de seus habitantes”(p. 207)
Causas para a redução do valor de
troca dos alimentos:
1) Queda dos salários reais, que permite um excedente maior
ao agricultor;
2) Melhor tecnologia;
3) Novos mercados para se importar cereais com preços menores
ao custo de produção interno.
Um país pode beneficiar-se do
comércio pelo aumento taxa geral de lucros ou pela abundância de mercadorias e
da baixa de seus valores de troca.
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